"A selecção inicia hoje a participação no Mundial de futebol, defrontando um dos candidatos ao título, a Espanha. Jogo com tudo para ser emocionante, sem carácter decisivo, mas com a importância de se iniciar a competição a ganhar, podendo mesmo ser decisivo numa frase de grupos.
Portugal tem a quinta participação consecutiva na maior prova de selecções, algo que para um país europeu da nossa dimensão é de realçar. Nem a Holanda alguma vez conseguiu este feito. Apenas a Bélgica, com a sua melhor geração, esteve presente entre 1982 e 2002, portanto em 6 campeonatos consecutivos. Estreámo-nos em 1966, com a melhor classificação de sempre, um fantástico 3.º lugar que soube a pouco. Os dirigentes portugueses acederam a que a meia-final desse campeonato fosse disputada em Londres, e não em Liverpool como estava previsto, o que obrigou a equipa das quinas a ter mais uma viagem, nas condições que há 50 anos não era as de hoje. Naquele tempo respeitámos, por imposição governamental, a vontade do nosso mais velho aliado político. Se nos lembrarmos que o modelo de substituições não era o de hoje, juntando a isso o facto de o estádio em Liverpool já ser a nossa casa, depois da vitória sobre a Coreia do Norte, mudar para Wembley foi começar a perder antes de jogar. A equipa foi enorme, perdemos 2-1, vencemos depois a URSS para o 3.º lugar, mas ficou um amargo de boca em todos os jogadores. Portugal podia ter sido campeão do Mundo.
Na actual série, iniciada em 2002 no campeonato da Coreia/Japão, temos tido prestação diferenciadas, aliás como na participação de 1986, no México, tornada célebre pelos problemas em Saltillo. Hoje tudo é diferente, para muito melhor. A equipa tem as dificuldades desportivas inerentes a uma competição destas, mas Portugal afirmou-se definitivamente no futebol mundial. Não somos as maiores candidatos, deixo isso para Alemanha, Brasil, Argentina e Espanha, mas ninguém se esquece de nós. É um orgulho!"
José Couceiro, in A Bola
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