"Consta que o próprio presidente do Sporting também pedirá a rescisão do contrato que Marta Soares o terá obrigado a manter
Notícia de última hora: Bruno de Carvalho também já enviou à Sporting SAD a carta com o pedido de rescisão. Ao que parece, o correio é que está atrasado. O presidente leonino alega naturalmente justa causa para rescindir com o clube e com a SAD do clube de Alvalade. Bruno de Carvalho, recordo, tinha contrato com o Sporting e com a SAD do Sporting até 2021 e uma cláusula de rescisão desconhecida até ao momento. Depois de Patrício, Podence, William, Gelson, Bruno Fernandes, Bas Dost, Rúben Ribeiro, Battaglia e Rafael Leão - até à hora em que escrevo estas linhas -, a carta de Bruno de Carvalho será a 10.ª a dar entrada nos serviços jurídicos da SAD do Sporting.
Alegam os adversários de Bruno de Carvalho que, à data, Bruno de Carvalho já não será presidente da SAD e do clube, mas, pelo sim pelo não, para Bruno de Carvalho, segundo apurámos, só mesmo com a carta de rescisão já enviada - mas ainda à espera que chegue - o mesmo Bruno de Carvalho se verá livre da referida SAD e do clube, que é exactamente o que Bruno de Carvalho mais deseja, cansado de tanto ataque, tanta difamação, tanta calúnia, tanta crítica injusta e esforço inglório.
A carta de rescisão de Bruno de Carvalho deixará assim o Sporting e a SAD do Sporting sem o grande líder, o que parece lamentar-se profundamente em diferentes círculos leoninos. Mas o presidente do Sporting e da SAD do Sporting alega ter mais do que justa causa para rescindir e fugir a sete pés do Sporting, e isso mesmo Bruno de Carvalho tem confidenciado em todos os círculos de amigos mais chegados.
Tudo indica que Bruno de Carvalho reconhece ter muito mais justa causa do que qualquer dos jogadores que, entretanto, pediram a rescisão, motivados, em boa parte, pelos conhecidos e lamentáveis acontecimentos de Alcochete. Segundo fontes próximas do líder leonino, se os jogadores confessam dificuldades em dormir, o que dirá o presidente, ao ver o nome todo o santo dia nas páginas dos jornais, nos noticiários televisivos, nas conversas de café ou de cabeleireiros de senhores que deixaram até de seguir as suas telenovelas preferidas para seguir a o que se passa no Sporting e os inteligentíssimos, coerentes, explicativos e claros discursos de um homem que tem sido, injustamente, obrigado a fazer no Sporting o que ele há muito deixou de querer fazer por sentir não ter condições nem ser suficientemente valorizado por quem devia tratá-lo bem, com carinho, reconhecimento, dignidade, elegância, respeito e luxo, como ele, aliás, sempre fez questão de tratar os outros.
Traumatizado por ficar sem jogadores, por não ter treinador, por gastar energias a fazer os tais discursos intermináveis, a constituir comissões, a ler despachos, a trocar mensagens, a escrever no facebook, a ver todos os canais de televisão que existem além da Sporting TV e a ler todos os jornais que ele sempre desejou não ter que ler, o presidente do Sporting e da SAD do Sporting estará farto de ver tanta gente fazer birra à sua volta, a pedir que continue a ser, por muitos e bons anos, o grande líder dos leões, prometendo-lhe - o que ele desconfia - não mais exigir qualquer comunicação à insuportável Comunicação Social e muito menos qualquer sessão de esclarecimento aos insuportáveis associados.
Pedida a legítima rescisão de contrato, os tribunais decidirão agora se Bruno de Carvalho terá ou não justa causa para se libertar assim sem mais nem menos do Sporting e da SAD do Sporting, e a todo o momento se saberá se o presidente leonino se vinculará ou não o outro emblema, nomeadamente a outra Sociedade Anónima Desportiva, o que parece pouco crível, tendo em conta que isso mudaria todo o paradigma do futebol.
Pode, no entanto, dar-se até o caso de vir o próprio Bruno de Carvalho a duvidar da justa causa que ele próprio invoca e, nesse caso, ter de recorrer a alguns dos maiores especialistas mundiais em directo desportivo para combater o Sporting e a SAD do Sporting e obrigá-los a aceitar a rescisão e a libertá-lo das amarras que o sacrificam desde 2013, ano em que, ingenuamente, se atirou de cabeça para uma piscina sem cuidar de saber se ela tinha água.
Bruno de Carvalho estará, por outro lado, a preparar um extenso e eloquente pedido de desculpas a todos aqueles - sobretudo os pobres e indefesos jornalistas como eu - que insultou, humilhou, gozou e despudoradamente atacou sob o efeito hipnotizante da presidência do Sporting, de que ele tanto lutou para se ver livre.
Por fim, promete Bruno de Carvalho nunca mais perdoar a Jaime Marta Soares, tido como principal responsável por manter durante tanto tempo Bruno de Carvalho prisioneiro do Conselho Directivo contra a sua própria vontade.
Queixar-se-á Bruno de Carvalho dos sucessivos erros cometidos pelo ex-amigo Marta Soares que o obrigaram a manter-se como presidente do Sporting quando Bruno de Carvalho, enquanto presidente forçado do Sporting, o que queria, há muito, era ver-se livre do lugar para o qual os sócios do Sporting maldosamente o empurraram, esquecendo-se que ele, Bruno de Carvalho e presidente à força, sempre quis apenas, e muito simplesmente, amar o Sporting, como, triste e ironicamente, nunca o deixaram.
O que é muito triste!
PS: Pode o Sporting estar num beco. Mas está num beco com saída. Claro que está num beco com saída, era só o que faltava que não estivesse. Porque se estivesse num beco sem saída a saída só podia ser refundar o clube. E isso é necessário. Nunca será necessário. O Sporting é demasiado grande para precisar de se refundar. Poderia, quanto muito, ter de criar uma nova SAD. Mas nunca um novo clube. Um clube tão grande como o Sporting nunca cairá. Por muito que alguém possa vir a destruir a SAD. O que se espera, ainda, que não aconteça. Apesar das feridas!
Fez o presidente da Real Federação Espanhola de futebol o que deveria ter feito no «caso Julen Lopetegui»? Creio que sim, tendo em conta a deselegância com que o processo foi tratado e, sobretudo, a deselegância com que lhe foi comunicado. Dar a noticia ao presidente da federação cinco minutos antes de ela ser tornada oficial pelo próprio Real Madrid é qualquer coisa de grotesco. Luis Rubiales sentiu-se desrespeitado. E, o que é mais grave, sentiu desrespeitada a federação e respectiva selecção mesmo à porta do Campeonato do Mundo. Não se faz.
Parece-me, a mim e certamente à maioria, que o problema não esteve no compromisso de Lopetegui com o Real; esteve, sim, no anúncio desse compromisso. E na forma como ele foi comunicado à direcção da federação espanhola.
O que Florentino deve julgar que o Real está acima de tudo, até da selecção que representa o país, faz o que lhe dá na gana. E Lopetegui foi na conversa de Florentino. Ao contrário de Cristiano Ronaldo - e espero, agora, que todos melhor o compreendam - que já não vai na conversa do presidente do Real por muito que já não haja nada a fazer.
Diz Florentino que tratou como devia o assunto-Lopetegui. E que ao revelar o acordo com Lopetegui como revelou apenas quis transparência. Acrescenta ainda que foi tudo tão rápido que dificilmente poderia ter revelado a coisas de outra maneira. Esqueceu-se, porém, de contar por que razão não disse ao presidente da federação que iria negociar com Lopetegui. Teria feito toda a diferença.
Manda o bom senso que se compreenda que o Real não podia correr o risco de esperar eventualmente mais um mês para dar a conhecer o sucessor de Zidane.
Não devia ser Florentino ter feito o que fez. Ou melhor, como fez. E foi por ter feito o que fez e como fez que não restou ao presidente da federação outra cosia que não fosse prescindir de imediato dos serviços de Lopetegui. O que foi muito triste. Mas foi também uma questão de honra.
A honra que Florentino se esqueceu de ter. Como já tantas vezes se esqueceu de ter com Cristiano Ronaldo, com agora melhor se percebe. Infelizmente.
PS: O Portugal-Espanha é hoje. Para entrar com o pé direito no Mundial. Assim não tenhamos medo dos espanhóis. Força, rapazes!"
João Bonzinho, in A Bola
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