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terça-feira, 19 de dezembro de 2017

O campeão dos arguidos que não gosta de bandalheiras...


"No dia 16 de Abril de 2004, na véspera de dirigir um FC Porto - Beira - Mar, o árbitro Augusto Duarte visita a casa do presidente portista, homem que acaba de falar de determinadas bandalheiras que considera inaceitáveis. O termo é bem definido no dicionário. E certamente muito subjectivo.

Curioso que o presidente do FC Porto, homem que andado a bater com os costados em todos os tribunais do país como arguido de tudo e mais alguma coisa, o que me levou a apelidá-lo um dia de Campeão Nacional dos Arguidos do Futebol Português, algo que o irritou sobremaneira, pelos vistos, já que tratou de me levantar processos bacocos que podem ter sido levados a sério por alguns juízes mais submissos e louvaminheiros de Gaia e do Bolhão mas não passaram pela exigência do Tribunal Europeu, venha de um dia para o outro a falar de bandalheiras.
Aceitamos que bandalheira é um termo subjectivo.
Cada um terá a sua noção de bandalheira, e eu também tenho a minha.
Trago hoje aos meus pacientes leitores, a minha visão muito pessoal do que é uma bandalheira.
E recuo, para isso, alguns anos.
No dia 16 de Abril de 2004, os inspectores da Polícia Judiciária Jorge Melo, Leonor Brites e Novais e Sousa, escrevem no seu relato de diligência externa: 'Pretendeu-se com essa acção confirmar um encontro marcado pelo suspeito António Araújo com o árbitro de futebol Augusto Duarte e com o dirigente Jorge Nuno Pinto da Costa. Esse encontro foi percebido pelas sessões 9281 e 9318 do alvo 1A602, atribuído a Pinto da Costa, e das sessões 8001, 8046, 8188, 8190 e 8193 do alvo 23603.
Por volta das 21h45, o suspeito António Araújo entrou para o seu automóvel, tendo arrancado a grande velocidade, não sendo possível seguir no seu encalço. Nessa altura são efectuados dois contactos entre este e Augusto Duarte, sendo que no primeiro António Araújo ainda se encontrava no restaurante, e no segundo telefonema o árbitro diz que já está junto à igreja das Antas. O suspeito António Araújo termina esta segunda chamada dando a entender que está quase a chegar. Note-se que nas conversas entre estes dois existe a preocupação de não referirem pormenores muito esclarecedores. Pelas 22h18 é efectuado um telefonema pelo Araújo a Pinto da Costa, com a duração aproximada de 6 minutos, a informar que já tinha entrado para a estrada que dá para a praia da Madalena, V. Nova de Gaia, mas que não se recordava bem do caminho. Pinto da Costa dá uma informação pormenorizada do caminho para sua casa, que foi seguida a dizer que já estava a avistar a casa do seu interlocutor.'
Como vêem, há de facto bandalheiras que dificilmente não entram na concepção da palavra bandalheira, tal como surge no dicionário de sinónimos: safadeza, negociata, velhacaria, canalhice, pouca-vergonha.
Esta é uma delas.
'Face a esses elementos, as equipas desta polícia seguiram para o local, onde chegaram por volta das 22h50, constatando-se que frente à moradia indicada por Pinto da Costa da  estava estacionado o automóvel de António Araújo. Foi montado novo esquema de vigilância. Por volta das 23h45 saíram dois indivíduos e entraram na viatura estacionada frente à residência em causa, para o lugar do condutor o próprio Araújo e para o lugar do lado um homem que apresentou ser o árbitro Augusto Duarte. Seguiram para o cidade do Porto e, por volta das 00h10, numa artéria ao lado da igreja das Antas, o automóvel parou para deixar sair o passageiro que entrou num automóvel que se encontrava ali estacionado, de marca Ford, modelo Focus Wagon, e matrícula 22-71-QH. Os dois automóveis seguiram em direcções diferentes, terminando-se aí a vigilância.
Foi efectuada pesquisa nos ficheiros informáticos desta polícia, apurando-se que o Ford Focus está registado em nome de Augusto José Bastos Duarte.'
Os investigadores acabavam de testemunhar um dos momentos mais polémicos de toda a história do futebol em Portugal.
Augusto Duarte seria o árbitro do próximo encontro disputado pelo FC Porto, frente ao Beira - Mar, no dia 18 de Abril. E, como se provava, não se coibia de visitar o presidente desse clube em vésperas de tal acontecimento.
Bandalheira: eis uma palavra brilhante para definir a visita de um árbitro a casa do presidente de um clube com tantos interesses à mistura."

Afonso de Melo, in O Benfica

3 comentários:

  1. Caramba esse senhor e de uma imoralidade que nao tem limites,dizia outro dia queremos um futebol limpo que falta de pudor e preciso nao ter vergonha nenhuma na cara para dizer uma barbaridade dessas pois segundo as escutas ele foi uma das maiores bandalheiras do futebol Luso.

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  2. É assim mesmo grande Afonso de Melo!
    Coisas como esta é que deveriam constar de programas da BTV e não as chachadas do programa Chama Imensa...que ruiu em promessas...

    Viva o Benfica!

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  3. Lista do crimes públicos de Pinto da Costa:
    * Instigação pública a um crime
    * Apologia pública a um crime
    * Associação criminosa
    * Incitamento à guerra civil ou à alteração violenta do Estado de direito
    * Incitamento à desobediência colectiva
    * Ultraje de símbolos nacionais e regionais
    * Tráfico de influência
    * Usurpação de funções
    * Falsidade de depoimento ou declaração
    * Falsidade de testemunho
    * Favorecimento pessoal
    * Branqueamento de capitais
    * Violação de segredo de justiça
    * Corrupção passiva para acto ilícito
    * Corrupção passiva para acto lícito
    * Corrupção activa
    * Ofensa à integridade física simples
    * Ofensa à integridade física grave
    * Ofensa à integridade física qualificada
    * Ofensa à integridade física por negligência
    * Violência doméstica
    * Ameaça
    * Coacção
    * Tráfico de pessoas
    * Tráfico de droga
    * Tráfico de marfim
    * Lenocínio
    * Difamação
    * Injúria
    * Fuga ao Fisco
    * Falsificação de documentos

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