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sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Compromisso - parte II


"Algumas linhas sobre as noites europeias da Champions, e a satisfação justificada de um Benfica que voltou a revelar espírito forte!


Este Benfica de Rui Vitória pode não jogar um futebol de encher o olho mas tem um forte compromisso com o jogo e com a vontade de ganhar. É talvez o sinal mais evidente de como equipa campeã nacional continua na linha do foi na última época. Este Benfica é muito forte no espírito, na solidariedade, no carácter. Os jogadores parecem morrer uns pelos outros e apontam sempre a uma elevada exigência competitiva, como se todos pudessem naturalmente falhar por incapacidade ou fraqueza mas ninguém pudesse falhar por desconcentração ou, pior ainda, por descontracção!
Em Kiev, o Benfica voltou a mostrar essa fortaleza de alma e foi, sobretudo, porque foi capaz de sofrer quando foi mesmo preciso sofrer e porque soube reconhecer que naquela parte final do jogo já dificilmente seria capaz de atacar - ou contra-atacar - com critério, precisão e eficácia e teria assim de permitir que o dono da casa assumisse a despesa do jogo.
Este Benfica é, pois, antes de mais, uma equipa mentalmente preparada para o desafio. Pode, na verdade, não jogar muito bem, pode na verdade nem sempre conseguir com que as coisas lhe saiam bem - como no desastre de Nápoles - mas é uma equipa mentalmente disponível para tudo o que tem e precisa de fazer em campo. Isso é inegável e é por esta altura, a meu ver, a sua grande imagem de marca.
Dá tudo o que tem e, se for mesmo indisponível, julgo que dará até o que não tem para sair do campo com a consciência de não poder fazer mais. Parece-me ser essa, sublinho, realmente a coroa destes campeões nacionais, apesar de tudo ainda bem longe de repetirem a Champions da última época.
Devemos, por outro lado, reconhecer que se trata de um campeão humilde, que arregaça as mangas, não anda de saltos altos e luta pela bola em todos os centímetros do campo. Quando joga menos parece que luta ainda mais.
Em Kiev, o Benfica foi feliz ao marcar cedo, soube construir depois vantagem superior, procurou controlar e foi conseguindo na maior parte do tempo, mas ainda acabou por passar um mau bocado quando por duas ou três vezes foi Ederson a evitar, com fantásticas intervenções na baliza, que o Dínamo de Kiev pudesse reentrar no jogo. Mas são estas vitórias, quando não se joga extraordinariamente bem, que dão maior confiança às equipas e melhor as preparam para os desafios mais difíceis. Quando se joga bem é sempre mais fácil entrar no caminho dos sucessos. Verdadeiramente difícil é quando se joga pior.
(...)"

João Bonzinho, in A Bola

1 comentário:

  1. Porque me dá sempre a sensação que quando escrevem sobre o TRICAMPEÃO (não em ataque declaro) em textos como estes, dão uma no cravo e outra na ferradura.
    Sugiro um exercício, façam de conta que são alguém que não conhecem o futebol Português o que ficam a saber por este texto sobre o TRICAMPEÃO?
    O BENFICA foi (só)-campeão, joga mal este ano, tal como o ano passado, os jogadores são "fracotes" o que lhes vale são as sortes e "morrer" pelo grupo.
    Está muito longe do que fez o ano passado na Europa (como se não fosse a 3ª jornada).
    Que as coisas não lhe saem bem, exemplo Nápoles, ou tem "sorte" como em Kiev.
    Os jogadores são combativos lutam pela bola por todo o campo, dão até o que não têm(a normalidade), quando correm mal ...fazem mais do mesmo (falar em qualidade destes Jogadores NUNCA)

    "Mas são estas vitórias, quando não se joga extraordinariamente bem, que dão maior confiança às equipas e melhor as preparam para os desafios mais difíceis" (CLARO PORQUE O KIEV É FACÍLIMO)

    Se calhar por estar tão escaldado com os "escribas" que povoam os Pasquins estou enganado mas...

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