"O Sindicato dos Jogadores é feito dos rostos que, desde a sua fundação, ajudaram a dignificar a classe dos futebolistas em Portugal.
Permitam-me que num ano particularmente difícil comece por duas homenagens a quem perdemos. O nosso companheiro João Oliveira Pinto deixa a saudade do seu lado humano, solidário e afetivo que era tão importante para cumprir a missão de representar e defender os interesses dos jogadores. Quis o destino que na véspera deste aniversário perdêssemos também Artur Jorge, fundador do sindicato, homem do desporto e da cultura e um dos maiores exemplos da capacidade que um futebolista pode ter ao longo da sua vida para a transformação da sociedade.
Apesar desta valiosa herança de uma geração ímpar, na sociedade atual cresce o individualismo e alheamento dos valores comuns. Muitos já se esqueceram que os direitos dados por adquiridos custaram muito a conquistar e que no futebol, como na vida, é preciso que cada um seja protagonista do seu próprio destino, defensor da sua profissão e ativo no exercício da sua cidadania.
Artur Jorge foi esse homem que deu a cara e encabeçou o ambicioso projeto de uma estrutura sindical para futebolistas, em plena ditadura, com a bandeira de acabar com a chamada 'lei de opção' e rodeado de nomes ímpares como Eusébio, António Simões, Manuel Pedro Gomes, Fernando Peres, Rolando e João Barnabé, entre outros.
Desde então o sindicato afirmou-se, esteve sempre lá nos momentos decisivos, desde a revolução nacional com 'Saltillo' à revolução mundial do 'caso Bosman' e integração da FIFPro.
Com o primeiro contrato coletivo de trabalho para o setor, na luta constante para acabar com o incumprimento salarial e exigir o licenciamento e controlo salarial dos clubes que hoje existe, na aposta na educação apoio à transição de carreira, na defesa do emprego com iniciativas como o estágio do jogador, ou na promoção do futebol feminino e emancipação das nossas jogadoras, com a proposta de Acordo Coletivo de Trabalho a constituir a grande prioridade para afirmação de melhores condições laborais na modalidade.
Granjeámos a credibilidade necessária para não apenas reivindicar, mas apresentar propostas e soluções em sede própria. Na relação com a FPF, enquanto sócio ordinário, no Conselho Nacional do Desporto, em representação dos praticantes, ou na negociação coletiva com a Liga, crescemos sustentadamente para afirmar o respeito pelos futebolistas.
Combatemos o tráfico de seres humanos todos os dias e apoiamos as vítimas destes esquemas fraudulentos, damos suporte aos jogadores na área da saúde mental com um sistema de apoio integrado em todo o território nacional. Combatemos o racismo e discriminação e defendemos a tolerância zero ao match-fixing e ao doping, tendo sempre a integridade e os valores éticos associados ao desporto como referência.
Um crescimento sustentado a que somamos pequenas grandes conquistas pela obra feira. O Campus do Jogador, a nossa casa, é espaço que permitirá desenvolver muitos projetos inovadores para o futuro.
O sindicato são as suas pessoas, os seus jogadores e jogadoras que diariamente dignificam o futebol português. A todos eles, sem exceção, deixo o meu agradecimento.
Parabéns SJPF."
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