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domingo, 19 de novembro de 2023

Saída pela porta dos fundos


"A inércia das forças policiais na AG do FCP vai merecer inquérito por parte da tutela?

O Conselho Superior do FC Porto decidiu retirar a proposta de alteração de Estatutos que devia ter sido votada na Assembleia Geral (AG) de segunda-feira, e que, depois de tudo o que sucedeu, devia ser votada na AG da próxima segunda-feira, entretanto cancelada. Fê-lo, é dito num comunicado, «para apaziguar o divisionismo que se quer criar na família portista», e apesar de entender que «a proposta de Estatutos discutida e aprovada nesta sede e remetida à referida AG é para este órgão boa e rigorosa, salvaguardando inteiramente os interesses do Clube e dos seus Associados».
Tê-lo-á feito, então, não porque as alterações estatutárias propostas mudassem as regras do processo eleitoral, nem mesmo porque abrissem portas, em caso de «manifesto interesse do clube», a exceções às incompatibilidades, mas porque teria havido um «empolamento artificialmente criado pela comunicação social e redes sociais» que teve «como resultado os lamentáveis incidentes a que assistimos, convertendo uma importante AG num momento de primárias incendiadas».
Assim, nesta versão que nada adere à realidade, a culpa do que aconteceu não foi de quem intimidou, ofendeu e bateu, mas sim de terceiros externos ao clube. Enfim, trata-se de uma saída pela porta dos fundos, que visa apenas não perder a face, depois dos sinais claros de mudança que lançaram o pânico no núcleo duro — aquele que tem mais a ganhar e a perder — do pintismo.
André Villas-Boas, que será candidato em abril, afirmou ontem, em comunicado, que quer «acreditar que os Órgãos Sociais do FC Porto vão atuar em conformidade com os seus Estatutos e dar início às investigações e procedimentos disciplinares necessários para punir exemplarmente os associados que, de forma indecorosa, agrediram, física e moralmente, outros sócios do FC Porto na AG, bem como cooperar extensivamente com o Ministério Público na investigação já anunciada sobre os incidentes».
Ou seja, não parece disposto a dar tréguas à guarda pretoriana e aos seus mentores.

PS — O ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, vai exigir que seja aberto um inquérito às forças policiais que estiveram, na segunda-feira, nas imediações da AG do FC Porto? Se não o fizer, significa isso que está de acordo com os procedimentos? Ou apenas que, num momento político sensível, passa bem sem se envolver numa questão em que, naquele que, dizem as estatísticas, é o terceiro país mais seguro do mundo, a integridade física dos cidadãos foi colocada em risco, perante a inércia policial?"

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