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terça-feira, 31 de outubro de 2023

O que pode mudar nas leis de jogo do futebol em 2024/25


"O International Board (IFAB), conhecido como o guardião das leis de jogo no futebol mundial, voltou a reunir na passada quinta-feira.
Desta vez o seu painel de aconselhamento técnico (composto maioritariamente por individualidades com conhecimentos técnicos apurados, como ex-árbitros e ex-jogadores) debruçaram-se sobre possíveis melhorias em relação a vários questões sensíveis.
Três ou quatro temas deverão merecer atenção particular na reunião geral do próximo mês de março, altura em que geralmente são aprovadas as alterações às leis para a época seguinte.
A questão do tempo útil voltou a estar em cima da mesa. As perdas de tempo deliberadas e as táticas antidesportivas geralmente utilizadas para quebrar o ritmo de jogo foram discutidas ao pormenor, por continuarem a ser um problema visível para todos.
É entendimento daquele grupo que devem ser encontradas soluções mais eficazes para tentar erradicar com esses expedientes de vez. Entre as medidas que podem ser equacionadas, estão a aplicação mais rigorosa da regra dos "seis segundos" (relativa à posse de bola dos guarda-redes), as ações a tomar em relação a atrasos ostensivos nos reinícios de jogo e ainda a gestão mais eficaz das lesões (nomeadamente na sua avaliação, entrada das equipas médicas/macas e transporte de jogadores lesionados para o exterior do terreno).
É provável que existam novidades nessa matéria para 2024/25.
Além disso, voltou-se a falar dos comportamentos de técnicos e jogadores, sobretudo em relação às palavras, gestos e atitudes antidesportivas, que aumentaram exponencialmente um pouco por todo o lado.
O painel chegou à conclusão que é necessário travar a onda crescente de manifestações de intolerância em campo (que influenciam negativamente o ambiente cá fora), dando ao árbitro mais poder para intervir e agir, em modo "tolerância zero".
Em alguns casos, poderá por exemplo ser incrementada a medida de que apenas os capitães de equipa se poderão dirigir ao juiz do encontro, sendo os únicos interlocutores da equipa. É também expetável que surjam outras opções capazes de diminuir/combater esse fenómeno.
Mas a medida que mais suscitou interesse e que foi amplamente discutida foi a criação de uma comissão para analisar o atual "Protocolo VAR" e perceber para onde deve (ou não) evoluir.
Este é um tema que o mundo do futebol discute há algum tempo, sobretudo devido aos erros de análise que continuam a ser cometidos na era pós-tecnologia e à incoerência de algumas intervenções, ora mais assíduas, ora demasiado ligeiras.
Não me parece que seja fácil criar o equilíbrio perfeito entre o apoio que a ferramenta pode dar e a manutenção da dinâmica e emoção do jogo, mas pode ser possível evoluir para um patamar em que essa ajuda possa aumentar para cada um de nós a perceção de que a verdade desportiva está efetivamente a acontecer dentro das quatro linhas.
Por esta altura, há uma coisa que me parece evidente: a intervenção do VAR em lances de pura interpretação (os chamados lances subjetivos) dará sempre mais controvérsia do que paz ao jogo.
As entradas no limite (amarelo/vermelho) ou os lances cinzentos na área (penálti/não penálti) jamais terão decisões inatacáveis que agradem a gregos e troianos. Fará sentido o recurso à tecnologia quando ela não garante, para todos, o acerto inequívoco da decisão?
Já se cingida a lances puramente factuais e indiscutíveis, o número de paragens na partida seria inferior e a discussão sobre a justiça da decisão final deixaria de existir, face à sensação de justiça que seria reposta no imediato.
Não seria interessante pensarmos nisso?
Compreendo que seja frustrante haver um instrumento de qualidade que possa corrigir outros erros menores em campo, mas se o seu uso acarretar mais paragens e ruído do que entusiasmo e aceitação... valerá mesmo a pena?
Mas nestas coisas não há verdades absolutas e o melhor mesmo é esperarmos pelos próximos capítulos.
Certo, certo é que o futebol é um espectáculo fascinante e que merece ser tratado com muito cuidado por parte de todos os que têm a responsabilidade de o tornar num espetáculo verdadeiro, apelativo e excitante."

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