"Nas generalizações que tantas vezes se fazem sobre os diversos povos do mundo, está quase sempre escondido um preconceito histórico. Dizer que os chineses comem carne de cão, que os cidadãos dos EUA não têm noções de geografia mundial ou que os espanhóis falam muito alto são afirmações perigosas. Apesar de isso ser verdade para uma determinada fatia dessas nacionalidades, o problema está na generalização e em como ela é apercebida. E, às vezes, ficamos tão toldados por essas imagens coletivas, que perdemos o essencial. Acredito que foi o que se passou nesta semana em relação a Roger Schmidt, treinador principal do SL Benfica.
Questionado, numa conferência de imprensa, sobre a importância do jogo com a Real Sociedad para a Liga dos Campeões (se seria o jogo mais importante da época), o cidadão alemão responder com uma fina ironia que escapou a muitas pessoas que o escutaram. Bem sei - e lá vem uma enorme generalização - que os alemães não são conhecidos pelo seu sentido de humor e ironia, mas Schmidt recorreu a estas ferramentas, e ninguém estava à espera. Justamente por ser alemão. Schmidt disse: 'Os jogos mais importantes são sempre contra o FC Porto' e, ato continuo, riu. Era uma piada, um exercício de ironia, acredito eu, depois de tanta campanha contra o Glorioso, desespero desse rival e jogadas de bastidores que continuam em tribunal. É que até um treinador tranquilo, metódico e equilibrado tem direito a, de vez em quando, soltar um pouco de pressão da panela onde se cozinha o futebol português. Não lhe deu para frisar que, nesta temporada, o saldo de jogos com o FC Porto vai em dois a zero e uma Supertaça no Museu, mas já criou discussão.
Quem, durante anos, andou e anda a bajular a alegada ironia do eterno presidente portista deve ter sofrido algum momento de amnésia quando criticou Schmidt pela divertida resposta. A uns perdoam o ódio, a outros nem a boa disposição."
Ricardo Santos, in O Benfica
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