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sexta-feira, 10 de julho de 2020

E se fosse consigo?

"O atleta português de alto competição Ricardo dos Santos vive e trabalha em Inglaterra. Representa o SL Benfica, e a selecção nacional de atletismo, e é recordista nacional de 400 metros com uma marca de grande nível internacional (45,14 segundos). É treinado pelo antigo supercampeão britânico de velocidade Linford Christie e, no sábado passado, viu-se envolvido em mais um triste caso de perfilagem racial. Ou seja, Ricardo, a sua mulher (Bianca Williams, também atleta de alta competição) e o filho de ambos, com 3 meses de idade, foram mandados parar pela polícia londrina quando circulavam no automóvel da família Ricardo, Bianca e o bebé foram forçados a sair do veículo, e o atleta português acabou detido e algemado pelas autoridades durante 45 minutos. Acusações: excesso de velocidade e 'cheirar a canábis'.
Não é caso único no mundo, um negro ser interpelado pelas forças policiais e acabar detido sem uma acusação formal. Nesse sábado, depois dos três quartos de hora de stress dispensável, Ricardo acabou libertado sem que tivesse sido provada qualquer das acusações feitas no local. Não houve multa, não houve busca ao carro, nada. Só a suspeita, uma suspeita que se tornou comum ao longo dos anos, das décadas, dos séculos. Foi mais um homem negro a conduzir um veículo todo de gama confundido com um possível delinquente ou traficante de droga.
Linford Christie, campeão europeu, mundial e olímpico dos 100 metros, treinador de Ricardo dos Santos, não tem dúvidas: houve 'abuso de poder e racismo institucionalizado'. Refira-se que, nos últimos dois meses, foi a segunda vez que esta situação aconteceu com o quatrocentista português.
Foi em Londres. Podia ter sido em Portugal. Ou nos EUA, França, Itália, Brasil, onde quer que seja que o racismo ainda esteja implantado na sociedade. Não se pode assobiar para o lado e fingir que não acontece. Acontece, sim, todos os dias. É o racismo sistémico. Está nas mãos de cada um de nós não julgar o todo pelas inúmeras partes. Pretos, brancos, amarelos, castanhos, avermelhados, tanto faz. A cor da pele não pode ser nunca razão para a perseguição ou para a desconfiança. E o desporto tem sido fundamental ao longo dos séculos para promover a igualdade entre povos. Força, Ricardo."

Ricardo Santos, in O Benfica

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