"Por algum motivo as mudanças de treinador se chamam, em linguagem comum, 'chicotadas psicológicas'. Na verdade, independentemente de outros factores, uma alteração súbita no comando técnico de uma equipa traz sempre consigo um certo efeito psicológico sobre os jogadores - quer porque queiram mostrar serviço ao novo treinador, quer porque se sintam mais libertos da pressão acumulada, quer pela normal reacção humana face a qualquer mudança. Esse choque psicológico foi bem visível no jogo frente ao Boavista, pois com o onze que vinha sendo genericamente utilizado, com a mesma condição física de antes, e com idêntico sistema táctico, o Benfica sobretudo na primeira parte, apareceu muito mais dinâmico, muito mais intenso muito mais solto. O resultado reflectiu a mudança, e assim tivemos uma espécie de regresso à normalidade, com uma vitória tranquila, tão segura quanto natural.
Já é demasiado tarde para sonhar com o título. As derrotas com Santa Clara e Marítimo penalizaram muito a equipa, e praticamente destruíram esse sonho. Foram seis pontos que não poderíamos ter desperdiçado nesta fase. Mas é importante lembrar que a época ainda não terminou: temos uma Taça para ganhar, e, se a conseguirmos juntar à Supertaça conquistada em Agosto, poderemos ainda concluir a temporada 2019-20, não em glória, mas com dignidade e de cabeça bem erguida. Há que manter o foco, e preparar desde já essa final - na qual temos obrigação de demonstrar que somos a melhor equipa, e que a classificação do campeonato foi um equívoco que, por circunstâncias diversas, não reflectiu o valor dos contendores."
Luís Fialho, in O Benfica
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