Últimas indefectivações

domingo, 17 de maio de 2020

Medo

"Não sou médico. Nem cientista. Nem profissional de futebol, treinador, dirigente, nada. Sou adepto e cidadão. Faço parte do grupo de pessoas que se confinaram antes do estado de emergência e que tomam todos os cuidados necessários antes, durante e depois de sair de casa. Vejo uma pandemia que se aproxima dos 4,5 milhões de casos em todo o mundo e que já provocou a morte a perto de 300 mil pessoas, 1200 delas (aproximadamente) em Portugal. É claro que tenho medo. Por mim, pelos outros, pelos mais velhos, pelos mais novos. Por quem não pôde estar em quarentena, por quem esteve sempre a trabalhar para que nós, os outros, pudéssemos continuar a ter uma vida relativamente normal. E agradeço-lhe por isso. O carácter democrático deste vírus é assustador. Tanto ataca um ser humano que vive na rua como ataca o dono de uma mansão, um primeiro-ministro, um professor ou um enfermeiro. Por mais cuidados que se tenham, há sempre um risco, e é com ele que vamos ter de viver daqui em diante, chame-se covid-19, covid-20 ou tenha outra denominação qualquer. É por isso que também receio pelos jogadores que vão reatar a principal divisão do futebol português, e respectivos técnicos e staff. Porque são gente como nós, como família, com futuro. Obviamente que, no caso do Sport Lisboa e Benfica, estou seguro quanto aos procedimentos tomados, mas mesmo assim o contágio é possível. Já há casos confirmados no futebol português no momento em que vos escrevo. E parece-me que não vai ficar por aqui. Estes tempos têm dois pontos em comum com o futebol português das décadas de 1980 e 1990. O primeiro é: o que hoje é verdade, amanhã pode ser mentira. O segundo tem que ver com a guerra suja e o querer ganhar sempre de onde vem. Está e sempre esteve à vista."

Ricardo Santos, in O Benfica

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