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quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

Mais valem 4 de avanço do que 4 de atraso

"E porque ter sempre neste clássico os ungidos e protegidos Soares Dias e Jorge Sousa (...), que na dúvida sempre caem para o mesmo lado?

1. Terminado o jogo no Dragão, evidentemente fiquei desolado. Tinha acabado de assistir a um encontro muito disputado, em que os ataques se superiorizaram às defesas. Sempre achei que o Benfica poderia ter obtido outro resultado que o deixasse com uma maior folga até ao fim do campeonato. Não me custa reconhecer que o Porto fez mais para vencer o jogo, o que o Benfica errou em aspectos cruciais.
É certo que o FCP teve a sorte (e árbitro e o VAR) do seu lado. Foram 90 minutos com demasiadas intermitências, tão próprias do nosso campeonato construídas por alguns artistas que sempre as aprimoram em jogos de gala. Fosse um jogo nas competições europeias e, neste capítulo, tudo seria diferente. Fiquei desolado, como já disse, mas também revoltado. Custa-me entender a marcação de um penálti claramente forçado que permitiu ao FCP voltar a adiantar-se no marcador, numa altura em que estava afectado pelo golo do empate. O árbitro foi o mesmo que no jogo da Taça contra o Rio Ave não viu um penálti claríssimo de Filipe Augusto sobre Chiquinho. E este VAR Tiago Martins sempre se tem revelado como um anti Benfica primário, nem sequer tentando disfarçar. Tendo em conta o tão proclamado protocolo, através do qual nos vêm impingindo a ideia de que o VAR só de ve intervir quando tem 100% de certeza se foi ou não penálti, como foi possível Martins ter chamado a atenção do árbitro, ignorando designadamente a acção de Soares sobre Ferro? E, ao mesmo tempo, como é que passou despercebida uma tão bondosa chapada de Marega aTaarabt, que lhe partiu dentes, e, sobretudo, como conseguiu Pepe escapar, como que por milagre arbitral, ao cartão vermelho (e mesmo a amarelos noutras alturas!) quando agrediu descaradamente Taarabt, com o conúbio do indigente VAR provavelmente a pensar na morte da bezerra. E o que pensar de Pepe a abraçar-se ao quarto árbitro Manuel Mota no fim do jogo? Onde o descaramento e o vale tudo chegou! E porquê ter sempre neste clássico os ungidos e protegidos Soares Dias ou Jorge Sousa, ao que consta portistas, que, matreiramente, em caso de dúvida sempre caem para o mesmo lado? Não haverá mais ninguém na lista do C. de Arbitragem?

2. Como bem disse Bruno Lage, o Benfica perdeu os dois jogos contra o Porto, exactamente o inverso do que se verificou na época passada. Só espero que as consequências não sejam iguais, pois há um ano, essas vitórias foram determinantes para o vencedor dos dois clássicos (o Benfica) se ter sagrado campeão nacional... Apelando à memória, lembro-me que, na temporada em que Ronald Koeman treinou o Benfica, ganhou os dois jogos ao Porto (2-0 fora e 1-0 em casa) e os campeões foram os portistas. Acredito que, desta vez, vai ser tal e qual, invertidos os papéis...
Apesar deste desaire, é bem melhor estar com 4 pontos de avanço que 4 pontos atrás. Resta ao Benfica, no que falta da segunda volta, fazer o mesmo que fez na primeira: ganhar todos os jogos. Difícil? Sim, mas nada de tão transcendente que não possa ser alcançado para se chegar ao 38.º título. Já na próxima jornada, teremos um Benfica - Sp. de Braga, um jogo no qual importa jogar de cabeça limpa e em que a vitória do Benfica é imperativa para a caminhada em direcção ao título.

3. Voltemos ao jogo do Dragão. É sempre fácil comentar as incidências depois de terminada uma partida. Aliás, em regra os comentários são função mais do resultado do que da sua visão mais fria e distante. Por exemplo, tivesse Seferovic marcado o 3.º golo (esteve a milímetros de o ter feito) e tudo teria mudado. Desde as manchetes, aos encómios e críticas. Por isso, muito honestamente, limito-me aqui a referir o que pensei antes mesmo do jogo começar: que discordava da não inclusão de Cervi na equipa titular. Por um lado, porque sem ele o lado esquerdo a defesa fica desequilibrada e Grimaldo fica desorientado, quer a defender, que a (não) descer. Por outro, porque permitiria que Rafa vagabundeasse mais a e fosse mais vertical. Depois do jogo, estes meus receios confirmaram-se. O lado esquerdo do Benfica foi, pois, um triângulo das Bermudas futebolístico.
Pena foi que Gabriel não tivesse podido jogar. Mesmo que começando no banco, seria, quem sabe, decisivo a fazer com mestria o que mais ninguém faz na equipa: lançamentos em profundidade para as alas, dando uma dimensão assinalável de comprimento e largura.
Vinícius mais uma vez foi letal. Sem dúvida, uma grande aquisição para o plantel, pelo que espero que ele se mantenha nos próximos anos. E o que se passa com Ferro? Tem acumulado muitos erros nos últimos jogos, por vezes parecendo menos concentrado ou fisicamente diminuído. A propósito da defesa, depois de um largo período de segurança, preocupam-me os golos sofridos (não apenas o seu número, mas o modo como foram consentidos) nos últimos jogos (além dos 3 contra o FCP, 2 contra o Famalicão, 2 contra o B-SAD, e 2 contra o Rio Ave para a Taça de Portugal). Como também se nota a falta de alternativas aos dois titulares, num percurso que também conta com a Liga Europa. As lesões de Jardel (creio que previsíveis de há algum tempo a esta parte), a saída de Conti e a incógnita de um tal Morato que mesmo na equipa B me deixa descrente, deveriam ter levado a acautelar esta insuficiência no mercado de Janeiro. Bem sei que Samaris e Weigl podem fazer estas posições, mas não é a mesma coisa do que ter centrais rotinados, sobretudo em jogos mais complicados.
Segue-se hoje, em Famalicão, a meia-final da Taça de Portugal. Uma partida difícil, se atendermos ao que foi o jogo da Luz e ao natural desgaste do jogo no Porto (e antecedendo o encontro contra o Braga no próximo domingo). Os famalicenses estão, naturalmente, a apostar tudo neste desafio, de tal modo que jogaram no sábado com um onze praticamente alternativo, com as consequências que se sabem: 0-7 frente ao Vitória de Guimarães. Mais um teste fundamental para o Benfica e, provavelmente, a oportunidade para reencontrar o FC Porto (sortudo como sempre nos sorteios da Taça) no Jamor, quiça sem a sociedade Sousa & S. Dias.

4. A propósito de Taças, aqui ao lado, em Espanha, qualquer equipa não se dá por vencida mesmo quando joga com os grandes de lá. É assim que para as meias-finais da Taça do Rei, ficaram de fora Barcelona, Valência e Sevilha. Os merengues jogando no seu reduto, foram esmagados pela Real Sociedade. O Barcelona sucumbe diante do Athletic de Bilbau. Os outros dois semifinalistas são o Mirandês da segunda divisão que eliminou o Sevilha e o Villarreal, e o Granada que bateu o Valência. Já o clube de João Félix foi prematuramente eliminado por um clube da terceira divisão, o Leonesa!

5. Na brincadeira, costumava dizer que, em Portugal, só dois eventos começavam à hora certa: e missa e o futebol. Todavia, neste parece estar a enraizar-se uma prática que não existia antes. Refiro-me ao sistemático atraso com que se iniciam os jogos no nosso campeonato, bem como o recomeço das segundas partes. Às vezes, chega-se quase aos dez minutos de demora, sem que nada o justifique. Por que será? Publicidade encavalitada nos interstícios do tempo de espera? E se for isso, com que direito e em que condições? Por que razão todos fingem estar distraídos e não há uma alminha federativa ou da Liga que ponha cobro a esta invasão publicitária pela calada, não da noite, mas do tempo que deveria ser de jogo? Já nos jogos europeus tudo começa no minuto certo...

Contraluz
- Encontro: Quis um feliz acaso que, no mesmo programa de televisão, tivesse encontrado e falado com Marco Chagas. Escrevi feliz, porque, para mim, é sempre bom encontrar alguém que admito no mundo do desporto, como é o caso deste grande ciclista. Sempre gostei de ciclismo desde os tempos de Alves Barbosa que corria pelo Sangalhos, terra da minha Mãe. Marco Chagas não foi apenas um excelente ciclista. É também um precioso comentador das voltas a Portugal e do Tour de França, com quem sempre aprendemos e nos deixamos abraçar por esta modalidade. Homem simples, discreto, conhecedor, Marco Chagas faz parte das minhas companhias dos Verões ciclistas.
- Incoerência: Foi por demais evidente o anti-jogo do FCP no passado sábado na meia-hora final. Tudo serviu para não se jogar, aspecto que Sérgio Conceição sempre chama a atenção quando é a sua equipa a prejudicada. Bitola dúplice em função das circunstâncias e resultados...
- Notável: O quinto golo do Moreirense no jogo contra o Gil Vicente da penúltima jornada. Um chapéu de enorme virtuosismo, marcado por Pedro Nuno. Tivesse sido um Ronaldo ou outro grande craque a marcá-lo e teria sido objecto de grande notícia, repetição ilimitada e empolgamento. Assim, não passou de um momento... ponto final."

Bagão Félix, in A Bola

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