"O Espaço K é o monumento mais unificador do futebol português, por ser uma celebração a 2 clubes rivais. Por um lado plasma o momento em que o FC Porto fez o segundo maior "in your face" no principal rival, da história do futebol português, ainda assim uns patamares abaixo dos 3-6 Alvaladianos. Por outro marca o dia e a hora em que o SL Benfica teve uma epifania que deu a volta ao pontapé na chicha nacional. Não sei se a Alemanha tem algum "Espaço C" para homenagear a Capitulação na IIGM, mas isso seria equivalente à foto do Kelvin no Museu do FC Porto: a glória do fim da ditadura Nazi para os germânicos; a vitória na guerra e instauração de uma nova Ordem Mundial para os Aliados.
Falando de causa própria, o pirolito brasileiro foi um "abre olhos" imenso para mim. Um ano antes tinha atribuído a Pedro Proença a culpa pelo campeonato perdido, devido a um erro num jogo a longas 9 jornadas do fim da temporada. Tinha uma visão algo "jorgejesusiana" do futebol: a minha equipa ganha jogos; o árbitro faz-nos perder jogos. Prostrado de joelhos no chão do Café Barrinhos, olhando a festa andrade na tv, obriguei-me a admitir que a competência supera tudo.
Sendo também um adepto com o coração endurecido por anos de sofrimento, todo e qualquer deslize da Minha Equipa em que nem um lançamento lateral mal atribuído ao adversário, pudesse servir de arma de arremesso ao juiz, dava azo a passar o lustre à guilhotina para lá pedir que se decepasse a cabeça do técnico. Contundo após ver e rever os erros individuais dos nossos atletas que conduziram à carnificina kelviniana, perguntei-me a mim mesmo: mas que raio pode um treinador fazer numa coisa destas (para além de não meter o Roderick em campo, oh Jorge...)? Não me fiz sócio nos dias seguintes à debacle, como alguns se fizeram, mas no meio da agrura da derrota, o verão de 2013 foi de confiança: estivemos lá e soçobramos na inexperiência... mas já tivemos a experiência.
isto tudo vem a propósito dos nossos 2 últimos jogos e da extrapolação excessiva que estão a ter. Num perdemos por "causa do árbitro", noutro empatamos "por incompetência do treinador". Das características singulares de ambos os desafios não se fala. Ninguém quer saber que quando há uma semana o nosso 11 supremo defrontava o FC Famalicão na Luz, em Viseu o FC Porto subia ao relvado com apenas 2 titulares no futuro Clássico. No sábado, pouca horas antes do nosso 11 de gala defrontar o fresco FC Porto, no Minho o Famalicão dava 3 pontos de mão beijada para encarar o 11 magnífico do Glorioso, na máxima força. Os nossos 2 últimos adversários estiveram 1 semana a concentrarem-se única e exclusivamente em nós. O SL Benfica esteve 7 dias a preparar ambos os confrontos.
A invalidação dos nossos problemas e erros aqui não existe. Mas o constante "eu avisei", apesar de guardado entre bolas de naftalina durante meses, cheira a mofo. Ninguém encontrou a gaveta quando em Janeiro vencemos categoricamente 5 jogos (sim, incluindo a vitória mínima após avalanche ofensiva contra o Aves), incluindo 3 deslocações complicadas. Olhamos para 2 falhanços com desconforto no mesmo nível de conforto que festejamos 2 vitórias. Não há nenhum capítulo sobre pragmatismo no Manual do Adepto, mas tentem fazer o seguinte exercício: alguém se convence que se o jogo de ontem fosse de campeonato, após sofrer o golo do empate aos 78 minutos Bruno Lage colocaria Samaris para segurar o empate e trocaria apenas de pontas de lança a fim de queimar tempo?"
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