"Santa Clara destemido mas Benfica empurrado por tremendo ambiente fez o que tinha a fazer
Barreira psicológica derrubada
1. Quando se chega ao intervalo com uma vantagem de três golos, poucas dúvidas restam da supremacia do Benfica num jogo em que o Santa Clara até entrou personalizado e afirmativo ameaçando argumentos que acabaram por não se concretizar. O ambiente convidativo e festivo quase eufórico, com que o engalanado Estádio da Luz recebeu a sua equipa, empurrou-a para uma exibição em crescendo, tranquila, segura e marcada por acelerações criteriosas que espartilharam completamente a pouco sincronizada organização defensiva da equipa de João Henriques. As ideias claras e desempoeiradas do jogo açoriano emperravam na ineficácia defensiva com que se predispôs a estancar o poderio ofensivo dum demolidor e variado ataque encarnado.
Desfrutar do momento
2. A segunda parte começou condicionada pelo desnivelado resultado, mas as duas equipas teimavam em oferecer à entusiasta massa adepta um espectáculo aberto e corrido, pejado de golos e jogadas bem desenhadas. O Santa Clara mostrava no seu jogo ligado, associativo e de olhos na baliza de Vlachodimos a razão do seu campeonato competente e tranquilo. Mas o dia era de festa e tributos, e o prestado a Jonas, foi carregado de simbolismo e reconhecimento de um jogador que tem emprestado ao futebol nacional um perfume distinto.
Resultado natural
3. O jogo foi deslizando serenamente para o seu final, com o desfecho decidido e sem grandes motivos de interesse, com o Benfica a revelar lacunas evidentes nos esquemas tácticos defensivos e o Santa Clara a aproveitar para também participar na festa como protagonista. Era o resultado natural de um jogo tranquilo e sem casos de arbitragem - estranho no nosso polémico futebol - entre duas equipas que conseguiram os seus objectivos - apesar de distintos - e que teimavam em surpreender as expectativas colocadas nas suas trajectórias. Se por um lado o Santa Clara fez muito mais do que se debater pela sobrevivência na principal liga portuguesa, o Benfica por sua vez, fugiu de uma posição secundária e trepando de forma meteórica na pontuação, conseguiu ser primeiro e destronar o seu rival do Porto. A segunda parte foi mais equilibrada e sem tanta vertigem ofensiva do Benfica, que revelou menos acerto na definição das suas transições ofensivas, o que se entende em função do natural abaixamento dos níveis de vigilância. Por seu lado o Santa Clara fez o seu golo de honra - e outro podia ter acontecido - o que embelezou um jogo que a partir de certa altura, trouxe consigo o arrastar de acontecimentos, característica própria de um jogo de final de época e com as decisões já definidas."
Daúto Faquirá, in A Bola
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