"No início da época Bruno Lage era o treinador da equipa B, tendo como alguns dos seus pupilos Ferro, Florentino ou João Félix. Vlachodimos era um desconhecido, Rafa um jogador que falhava demasiados golos, Samaris estava encostado e Seferovic também era para dispensar. A meio da época o Benfica estava em 4º lugar, a 7 pontos do primeiro classificado, com um futebol de fraca qualidade e tendo em Rui Vitória um "dead man walking" à espera apenas do próximo desaire até ao corte fatal. No final da época o Benfica é Campeão Nacional, ultrapassando os 100 golos e fazendo uma 2ª volta praticamente perfeita. Bruno Lage é uma certeza, João Félix uma estrela internacional, Rafa um extremo goleador, Samaris um jogador recuperado e Seferovic o Bota de Prata do Campeonato Português.
É inacreditável o que aconteceu ao Benfica. Existiria uma 2ª volta mais complicada que ter que ir a FC Porto, Sporting, Braga, Moreirense, V. Guimarães e Rio Ave? Quão raro é trocar de treinador a meio da temporada e acabar campeão? A última vez que se viu tal coisa no futebol Português foi em 2000 com o Sporting de Materazzi e Inácio e olhando para o Benfica temos que recuar até 1968, quando Otto Glória terminou a empreitada começada por Fernando Riera e Fernando Cabrita. E marcar 100 golos? Mais uma vez, só recuando até 1973. Aos tempos do Benfica Invicto de Jimmy Hagan.
É notável a transformação que estamos a assistir no Benfica e no futebol Português. Depois de uma longa hegemonia do FC Porto, o clube da Luz acaba de vencer o seu 5º campeonato em 6 anos. O 6º campeonato em 10 anos. Nunca fui um admirador de Luís Filipe Vieira e gostava de um dia ver outro tipo de presidente no clube, mas os méritos têm que ser dados: a aposta no Seixal foi uma cartada muito forte, jogada para o longo prazo, mas os frutos chegaram e de que maneira. Contra o Santa Clara o Benfica entrou em campo com 7 Portugueses, quase todos formados no Caixa Futebol Campus. O clube está cheio de pujança e sempre com novos jovens a baterem à porta da equipa principal.
Foi bonita a festa. As bandeiras, o levantar da taça, a lambreta do Eliseu e o Zlobin a fazer de Paulo Lopes, "o homem da taça". E tanto Benfiquismo na recepção ao autocarro, no estádio, no Marquês, um pouco por todo o país e no estrangeiro. Aliás, é o próprio Benfica que é um clube bonito. É uma alegria ver aquele vermelho garrido numa massa adepta que no momento do auge, no momento da euforia, não se recorda nem 2 segundos dos seus rivais. Os cânticos são para nós, para os nossos.
Desde que acompanho o Benfica, foi a nona vez que celebrei um campeonato. Todos são especiais, embora uns mais especiais que outros. Dão-me uma alegria imensa, uma sensação incontida de êxtase e de paz com o mundo. Mas curiosamente desta vez não senti muita euforia. Porque o Benfica está a atingir um nível de maturidade em que as conquistas repetem-se e começam a ser uma consequência natural, uma inevitabilidade no futebol Português. É na verdade, o Benfica a voltar à posição hegemónica que a minha adolescência agradecia que nunca de lá tivesse saído.
Viva o Benfica e rumo ao 38!"
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