"Ponto final na primeira jornada da segunda volta para os três grandes, marcada pela certeza de que teremos a partir de agora uma luta a dois pelo título, porque o Sporting deu, na Madeira, tiro fatal na esperança de ainda lá chegar. Era, percebia-se, uma ilusão. Agora nem isso... Entre os dois reais candidatos tudo na mesma: pressionado pela vitória do FC Porto sobre o Rio Ave, o Benfica fez aquilo que lhe competia. Bateu o último classificado com goleada convincente, alicerçada numa segunda parte arrasadora - os primeiros 45 minutos devem merecer reflexão.
A destacar, do jogo da Luz, a forma como foi festejado o primeiro golo de Rafa com a camisola do Benfica: um abraço colectivo ao extremo, que merece uma análise mais detalhada por tratar-se de momento que pode ajudar a perceber o segredo destes dois anos do consulado de Rui Vitória: a união do balneário. Notou-se na época passada e continua a notar-se nesta. Todos remam para o mesmo lado, desde os que jogam muito aos que quase não jogam. Todos se sentem importantes. E isso só pode ter dedo de um treinador que, nunca se colocando em bicos de pés, mostra por exemplo que o individual não conta. Só a equipa importa. E quando assim é fica mais fácil focar o grupo naquilo que de facto interessa. Rui Vitória não se desculpa com as ausências (e têm sido muitas) ou com os árbitros. Vai com os que tem e resolve os problemas que lhe aparecem. O Benfica empatou com o Boavista? Sim. Teve razões de queixas da arbitragem? Também. Mas olhou para si próprio e reagiu. Como fazem os campeões. Porque procurar sempre desculpas noutro lado desresponsabiliza quem deve, em primeira instância, ser responsabilizado. E às vezes, quando se percebe isso, já é tarde..."
Ricardo Quaresma, in A Bola
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