"A época realizada pelo Benfica está a ser subavaliada: já se deu conta dos problemas que Jorge Jesus tem conseguido resolver? E ainda se fala de... má gestão?! Grande temporada a do Benfica...
O Benfica "joga pouco" na Luz, frente ao Bordéus. Ganha por 1-0. Assobios dos adeptos. O FC Porto “joga pouco” no Dragão, frente ao Estoril. Ganha por 2-0. Aqui e ali, assobios dos adeptos. Os treinadores Jorge Jesus e Vítor Pereira tentam encontrar explicações para exibições descoloridas. Fala-se de gestão. Os adeptos não gostam, os analistas insurgem-se, mas... há forma de evitar o resultadismo? Não há outra maneira de dizê-lo: Benfica e FC Porto estão a fazer um grande campeonato, sem derrotas até à data, quatro e cinco empates, respectivamente, foi o pior que registaram até à data.
Bem sei que a Liga portuguesa não tem conseguido resolver o seu problema de falta de competitividade no topo, é verdade que Benfica e FC Porto, separados por escassos 2 pontos, garantem a emoção, e é previsível que o façam até final da prova, mas o Sporting, para além de ter abandonado os lugares cimeiros caiu numa posição inimaginável e o Sp. Braga, apesar de se manter na corrida pelo 3.º lugar, não conseguiu cumprir a promessa de começo de época de que iria tentar discutir o título. Demasiado cedo a Liga ficou bipolarizada e nem sequer o bom desempenho do Paços de Ferreira é suficiente para a conclusão de que temos um grande campeonato. Não temos e não vejo que possamos ter, pelo andar da carruagem, nos próximos dez anos.
No caso do Benfica, os assobios parecem-me ainda mais injustos, porque o plantel perdeu valor nos últimos sete meses e Jorge Jesus, com uma “manta” mais curta, está a conseguir remediar muitas situações. É verdade que, no ataque, Lima foi uma grande aposta – eu diria a melhor aposta – e hoje já ninguém se lembra de Nélson Oliveira, mas o meio-campo viu partir dois jogadores (Javi Garcia e Witsel) cujas saídas não foram compensadas. O plantel tinha Matic, que Jesus “esculpiu” para a posição “6”, e nessa dinâmica de remendos ou adaptações continuou para que a equipa não se desequilibrasse. Foi assim que “inventou” Enzo Pérez para jogar no corredor central. Foi desse modo que transformou Melgarejo num lateral esquerdo assim-assim. Foi mediante estes condicionalismos, e com as saídas de Bruno César e Nolito, a dar outra dimensão ao plantel, que assomaram André Almeida, André Gomes, Roderick, Urreta e até mesmo Luisinho. É bom não esquecer que Aimar esteve vendido e acabou por voltar à base “in extremis”... O Benfica e Jorge Jesus têm tido, portanto, problemas (de oscilação do plantel) que o FC Porto não conheceu, e daí, nesse plano, a sua teórica vantagem. O campeão nacional perdeu Hulk, mas já se sentia que, sem mais brechas, o impacto dessa saída seria sempre pequeno, como se comprovou. Resolveu o problema do ponta-de-lança (J. Martínez) e ainda foi buscar Izmailov e Liedson para qualquer eventualidade.
No caso do Benfica, os assobios são muito injustos. Com um treinador menos habilitado, aonde é que já estava o campeonato?!...
JARDIM DAS ESTRELAS - João Rocha, o rei da selva
Parte aos 82 anos e deixa em terra uma obra incontornável. A sua morte acontece, ironicamente, quando o Sporting tenta sobreviver perante uma crise que teve início pouco tempo depois da abdicação de João Rocha. Há quem pense que a doença de João Rocha (que o haveria de vitimar) acelerou o declínio do Sporting.
O "leão" foi perdendo saúde e, nas suas ânsias de se agarrar à eterna juventude, cometeu erros, erros juvenis e infantis, nalguns casos sem nenhuma ingenuidade. Entre tecnocracias e engenharias financeiras, o Sporting foi-se transformando num arquipélago de interesses múltiplos, que geraram invejas, divisões, intrigas, facções – e muitas indemnizações --, distanciando-se do continente construído por Rocha, o último verdadeiro líder que o clube ‘leonino’ conheceu. Tudo o que agora se passa em Alvalade já pouco tem da “era rochista”. Não descansaram enquanto não implodiram e dizimaram a obra. Há muitos exemplos de pretensos “novos líderes” que gostam de se destacar não pelo que constroem, mas por aquilo que conseguem destruir. É o caso do Sporting. A destruição do património. A destruição de um clube eclético, orientado a partir do futebol.
João Rocha é a memória mais recente da projecção da imagem de um grande clube. A que não morre.
TEMPO EXTRA - A "besta genial"
...E, de repente, com duas vitórias sobre o Barcelona e a eliminação do Manchester United da Champions, José Mourinho promete um final de época “em grande” no comando do Real Madrid. E a perda da Liga espanhola para os catalães poderá ter um efeito apenas residual se o treinador português conseguir a conquista da Liga dos Campeões, o que neste momento parece estar ao alcance dos merengues.
Volte-face total, com “Mourinho demónio” a dar lugar a “Mourinho anjo” e a prometer um debate universal sobre quem venceu/quem perdeu nas “guerras internas” do Real Madrid.
O Barcelona, com a sua crise de liderança técnica, acelerada com a doença de Tito Vilanova, deu importante ajuda, o árbitro turco (Cuneyt Çakir) também, em Manchester, quando expulsou Nani, o futebol é isto mesmo, muda com as conjunturas e as circunstâncias, mas é bom nunca esquecer nem o papel de Mourinho, a “besta genial”, que nunca desarmou, mesmo quando parecia soterrado perante a realidade, nem o de Cristiano Ronaldo, a efectuar uma época de grande nível."
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