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segunda-feira, 11 de março de 2013

A glória passa pelo guerreiro

"Como comando solitário em terreno inimigo ou elo de ligação entre a equipa e o parceiro de ataque (Cardozo), Lima pode ser a chave do sucesso benfiquista. Mas, para isso, é necessário tê-lo em condições físicas e psicológicas perfeitas.
1 - Podia ser um jogador de póquer – tem coração indecifrável e expressão facial blindada a emoções. À vista desarmada é impossível perceber se está fresco ou cansado; calmo ou ansioso; feliz ou infeliz; optimista ou vencido. Ao fim de vários anos, porém, os adversários já não vão em cantigas: sabem que, apesar de promover imagem quase sempre inofensiva e distante, é uma fera adormecida à espreita da primeira debilidade para se mostrar, agredir e aniquilar a presa. Lima tem a baliza nos olhos mas não vive obcecado com a assinatura de todas as obras. É um ponta-de-lança entre companheiros que lhe permitem exercer o talento goleador e a responsabilidade assumida perante eles no modo como se entrega à luta, participa nas acções e dá linhas de passe constantes ao portador da bola.
2 - Lima é um notável jogador de equipa, que oferece esforço e generosidade justamente porque recebe apoio e confiança. As características que o identificam são as de um avançado moderno: velocidade de execução e talento para operar em espaços curtos; técnica superior, articulação motora perfeita e sentido de baliza indiscutível; bom jogo posicional, sabedoria no modo como guarda a bola e a entrega com critério; visão e inteligência na aproximação à baliza, processo orientado pelo faro do golo característico dos grandes atacantes, que culmina com as armas explosivas do tiro extraordinário, com qualquer dos pés, a curta, média e até longa distância.
3 - Numa equipa que versatiliza o modo como ataca, recorrendo algumas vezes a um futebol mais geométrico, de linhas rectas e distantes entre si, os traços largos de Lima alimentam melhor esse jogo longo e, por consequência, mais impreciso. Quando opta por uma solução ofensiva menos elaborada e paciente na construção, Jorge Jesus prefere quem lhe ofereça deslocamentos mais amplos e constantes, em largura e profundidade. Se Cardozo é perfeito no ataque organizado que o empurra para o habitat natural (a grande área), Lima é útil em duas situações diversas: como comando solitário em terreno inimigo ou elo de ligação entre a equipa e o parceiro que joga à sua frente. Com a diversidade de jogos que aí vem, o sucesso da época passa por ter o guerreiro em condições físicas e psicológicas perfeitas. E não tem sido esse o caso.
4 - Jorge Jesus tem feito gestão inteligente do plantel, mesmo apresentando uma equipa mais estrita, fria, racional e sem sentido de espectáculo  Protestam os adeptos, assentando a crítica na sensibilidade e na estética de uma vida inteira, defendida como se fosse um mandamento sagrado. Nesse plano a curto prazo, cujo objectivo é ter o exército na máxima força nas grandes batalhas que se avizinham, Lima é a chave para a glória, porque nenhum outro elemento do plantel permite, sem quebra de rendimento, investir numa forma diferente de abordagem aos jogos. Mais do que um excelente marcador de golos, poucos como ele dominam os três elementos que estabelecem o perfeito conhecimento do futebol: o espaço (saber ocupá-lo e conhecer as regras de cada zona do campo); o tempo (chegar no momento certo); e o engano (porque a surpresa continua a ser o principal factor de desequilíbrio).

Quem vier atrás que feche a porta
Afinal, o divórcio entre José Mourinho e o Bernabéu será menos conflituoso e violento. Depois de ganhar duas vezes ao Barcelona e de eliminar o Man. United em Old Trafford, a hipótese volta a fazer sentido: se Mourinho ganhar a Champions e a Taça do Rei, quem vier atrás que feche a porta. A saída do português, que parecia um alívio para a família merengue há dois meses, pode transformar-se num processo doloroso, de consequências imprevisíveis. Com essas duas vitórias em 2012/13, o madridismo terá de recuar mais de meio século para encontrar um treinador com melhores resultados.

Como se fossem acções da Bolsa
A opinião do seleccionador espanhol reflecte a realidade vista pelos olhos de um homem equilibrado e com bom senso. Mesmo admitindo que Messi está um degrau acima de CR7, a diferença é muito menor do que deixam entender os mais hipnotizados pelo futebol de La Pulga. Como qualquer estrela, Messi também tem direito a quebras; como todos os talentos superiores, CR7 está a um passo da genialidade. Sucede que, nas últimas semanas, à quebra de um correspondeu a expressão eloquente do outro. Isto do melhor do Mundo, à excepção de Maradona, é como acções na Bolsa.

A importância de João Rocha
João Rocha foi dos melhores presidentes leoninos de sempre. Num quarto de século, sucederam-lhe líderes com perfil discreto e ruidoso; mais ou menos competentes e apaixonados; rigorosos, polémicos, plebeus e cavalheiros. Mas nenhum como ele teve governação tão longa e bem-sucedida; nenhum foi comandante todo-poderoso que deu ao leão a imagem imperial que alimentou até aos anos 80. Com todo o respeito por quem veio a seguir, partiu o último homem que, por obra e carisma, cumpriu a vocação do Sporting: um clube vencedor, ecléctico, temido aquém e além-fronteiras."

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