"Esta edição do jornal O Benfica é publicada a uma sexta-feira 13, mas foi no último domingo que o azar me bateu à porta. Por distração, tropecei num daqueles programas de comentários sobre futebol, onde se comentam mil e um assuntos... menos futebol. Fiquei ali preso uns minutos. Este tipo de formato televisivo é como aqueles aparatosos acidentes na estrada. Quando passamos por um, não conseguimos evitar uma espreitadela. E qual era, imagine o leitor, o tema em cima da mesa? As vitórias tangenciais do atual 3.º classificado? Frio, muito frio. A vitória tangencial do Benfica? Já está morno. A competição do atual treinador campeão? Na mouche!
Pelos vistos, as capacidades de Roger Schmidt têm sido colocadas em causa por um conjunto de especialistas. Comentadores doutorados em futebol pela Universidade do Sofá e consagrados pelas audiências conquistadas - o Big Brother também as tem. Serão também capazes de opinar com tamanho conhecimento de causa sobre medicina, por exemplo? A minha mãe sabe, claro, mais do que qualquer médico - como todas as mães -, mas felizmente partilha os seus alargados conhecimentos apenas com uma audiência composta pela família cá de casa.
Questionar as decisões tomadas depois de um jogo é o mesmo que fazer um exame de código da estrada com o manual ao lado. É uma batota que o adepto comum faz todos os fins de semana e que estes especialistas fazem todos os dias. Um dos fetiches atuais está relacionado com o timing das substituições do nosso mister. Um ano o meio depois, parece que se descobriu este grande pecado de Roger Schmidt. Não foi problema nas vitórias à Juventus, quando mexeu apenas ao minuto 81. Nem no 1-0 ao SC Braga, com a primeira troca aos 76'. Então e o triunfo no Dragão, com três alterações ao intervalo? E a dupla substituição também depois do descanso na Supertaça? Em que ficamos? Fico baralhado com estes julgamentos, no entanto estou muito esclarecido quanto à avaliação factual de Roger Schmidt: seja qual for o minuto em que recorrer ao banco, é o treinador com melhor registo em Portugal desde que assumiu a liderança de um Benfica que não ganhava títulos desde 2019."
Pedro Soares, in O Benfica
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