Últimas indefectivações

terça-feira, 25 de julho de 2023

Os estatutos


"A Constituição de 1975, aprovada no rescaldo do regime anterior, apresentava os excessos decorrentes do contexto: traumas do passado e incertezas no futuro que, com o tempo, se dissiparam o refletiram nas sucessões revisões.
Do mesmo modo, a última alteração de estatutos do Benfica foi marcada pela memória, então ainda bastante viva, do período mais traumático da história do clube. Como tal, também eles merecem ser revisitados.
Nestes casos, há que ter o cuidado de não deitar fora o mesmo com a água do banho. E há aspectos fundamentais dos quais, enquanto sócio, não abro mão.
É imprescindível que o clube mantenha sempre a maioria do capital da SAD. Existem exemplos de sucesso no futebol europeu com investimentos externos massivos, mas não muito para os casos de fracasso (veja-se a realidade nacional), com um grau de irreversibilidade acentuado. Os donos do Benfica somos nós, e não há promessas de glória desportiva que compense a perda dessa matriz histórica e cultural.
Também é inegociável que quem paga quotas há vinte ou trinta anos mantenha os privilégios sobre os que, circunstancialmente ou não, se associaram recentemente. A antiguidade é um selo de fidelidade e amor clubista. Até 2017 ninguém se lembrara de roubar a correspondência de um rival. Um dia alguém poderá lembrar-se de inscrever sumariamente dezenas de sócios para manipular um AG. Nas decisões estruturantes para o futuro do clube, quem lhe dedicou uma vida deve poder falar mais alto.
A limitação de mandatos é o tema que me suscita mais dúvidas. Mas confesso que não vejo grandes virtudes em afastar alguém que tenha disponibilidade para se manter em funções, esteja a realizar um bom trabalho, e mereça, em eleições livres e transparentes, a reiterada confiança dos sócios. Talvez um excesso de contexto a evitar."

Luís Fialho, in O Benfica

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