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terça-feira, 2 de agosto de 2022

Taremi cai porque pode


"O jornal A Bola publicou uma crónica curiosa esta semana, da autoria do antigo árbitro Duarte Gomes. No seu espaço habitual, pomposamente chamado “O poder da palavra”, e desta vez sob o sugestivo título “A moda dos penáltis sacados”, Duarte Gomes parece querer defender a arbitragem, não se apercebendo que, na prática, não a defende e ainda contribui para o pântano de qual esta teima em não emergir.
O antigo árbitro começa por discorrer sobre dificuldades inerentes à tarefa de arbitrar um jogo de futebol. Evoca a pressão a que os árbitros estão sujeitos e reduz a contestação do momento (Taremi e a propensão para a simulação de grandes penalidades) a uma moda, atribuindo a celeuma à carneiragem. Os adeptos em geral falam de um tema porque outros falaram antes, e não por existir de facto um jogador useiro e vezeiro em se deixar cair nas áreas adversárias e a beneficiar com isso.
Duarte Gomes não percebe, não quer perceber ou finge que não percebe que defender a arbitragem seria identificar o problema, denunciá-lo e propor medidas para mitigá-lo ou mesmo eliminá-lo. Prefere reduzir a questão a uma moda do foro comunicacional, e isto explica muita coisa.
O relambório continua com uma explicação, em abstracto, sobre grandes penalidades, seguida do argumento mais do que repisado do contraste entre a teoria e a prática, e culmina com a extraordinária conclusão: “Há lances no limite, que são quase impossíveis de catalogar com honestidade. Aí vale a interpretação e bom senso de quem decide, que partir sempre da seguinte premissa: Qual é a decisão que o futebol espera, neste lance?”
E está explicado. Os árbitros – incluindo vídeoárbitros – não são, afinal, enganados por Taremi. Limitam-se a considerar “no limite” os lances em que Taremi se atira para o chão, a não os “catalogar com honestidade” e a se perguntarem “que decisão espera o futebol português, neste lance?”. E décadas de futebol português demonstram inequivocamente que, “na dúvida”, nada se deve esperar além de benefício para o Porto.
Duarte Gomes, se pretendesse mesmo defender a arbitragem, estaria na linha da frente do combate aos que fazem da simulação uma arte, propondo e defendendo medidas punitivas sérias para os prevaricadores, como aquelas existentes em Inglaterra, por exemplo.
Ao invés, opta pela desculpabilização habitualmente presente no discurso corporativista da arbitragem portuguesa, talvez caindo nas boas graças daqueles agora com um apito na boca, os quais, ao deixarem-se enganar continuadamente, permanecerão alvos preferenciais da crítica dos adeptos. E como não há realmente quem defenda a arbitragem – nem os próprios se defendem – perdurará a pressão e a coacção, havendo quem o faça com mestria, até porque não olha a meios para atingir os fins.

P.S.: Taremi deixa-se cair muitas vezes nas áreas adversárias e beneficia com isso. As pessoas notam e criticam. Um responsável da comunicação do Porto aproveita para se vitimizar e tenta, com isso, condicionar as arbitragens vindouras. E a comunicação social, recheada de plumitivos, limita-se, acriticamente, a reproduzir as declarações. E depois ainda aparecem estes Duartes a falar de modas."

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