"Sim, fui praticamente e sou suspeito para falar no tema, mas tem que ser. Terminaram no domingo passado os Campeonatos do Mundo em Eugene, Oregon, nos EUA. A notícia principal para os portugueses é o primeiro título mundial de Pedro Pablo Pichardo (17,95m, melhor marca mundial do ano), mas foi uma semana de competições que trouxe muito mais além desse episódio glorioso para Portugal e para o SL Benfica.
Além de atletas de todo o planeta competirem nas corridas, saltos e lançamentos, também o público encheu o estádio. Gente de todas as providências, lado a lado, cada qual com a sua bandeira, religião e posição política. Nenhum adversário foi apupado, nenhum juiz-árbitro foi insultado, não houve cargas policiais nas bancadas. Ah, e também não houve casos para analisar ao longo de toda a semana.
No atletismo, a tecnologia está ao serviço da competição e dos atletas. Há regras claras, não há intensidades. Se, ao sair dos blocos de partida, o ou a atleta tiver uma reacção inferior a um décimo de segundo, é considerada falsa partida e é excluído da competição. Vista ele de vermelho, verde ou azul, seja ela da América, da China ou do Paraguai. È um exemplo de que é diferente no atletismo, mas tenho mais.
É uma modalidade onde as estrelas são homens e mulheres. E tem sido assim há quase 50 anos, Carlos Lopes, Rosa Mota, Fernanda Ribeiro, Nélson Évora, Inês Henriques, Carla Sacramento, Manuela Machado e Pedro Pichardo foram todos campeões do mundo nas suas disciplinas. Quem gosta de atletismo, terá vibrado com qualquer uma destas vitórias, sem categorizá-las como maiores ou menores, por terem sido alcançadas por homens ou por mulheres. Cada disciplina, dos 100 metros à Maratona, é disputada sempre por homens e por mulheres. Sim, ainda não são pagos de igual forma e é difícil a profissionalização, mas há que caminhar nesse sentido. No fim do dia, no fim dos principais eventos desportivos mundiais (Jogos Olímpicos, Mundiais, Europeus), quem é que leva sempre o nome de Portugal mais alto?"
Ricardo Santos, in O Benfica
Têm de ser pagos de acordo com as receitas geradas. Não creio, por exemplo, que o tour de França feminino acabe por gerar tantas receitas como o masculino.
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