"Ainda mal restabelecido do enorme feito alcançado, a José Águas já eram cobradas promessas
A carreira de futebolista, apesar de todos os seus encantos, tem também várias contrariedades: por ser curta, por não controlarem a totalidade das acções, podendo ser surpreendidos por uma lesão que condicione uma época ou mesmo a carreira, e por, a cada fim de semana, terem de provar que merecem estar em campo, por forma a manter o seu estatuto no clube e a ambição de representar a sua selecção.
Com uma situação tão volátil, é aconselhada cautela nos gastos. Cientes disso, José Águas tendia a poupar o máximo que conseguisse, despendendo apenas o estritamente necessário. Amigo de Barroca, guarda-redes do Benfica, foi sem surpresas que, em 1961, lhe chegou o convite para ser padrinho de casamento da sua noiva. O avançado aceitou de imediato, mas preveniu que não iria comprar as alianças. Os guarda-redes são conhecidos pela sua teimosia, e Barroca não era diferente: não desistiu e sempre que possível voltava ao tema das alianças. Agastado com o assunto, José Águas acabou por retorquir: 'Não me fales mais nisso, porque não pago as alianças, mas prometo-te uma coisa, se formos campeões europeus, dou-te 1 conto de réis. Combinado?' Seria por ser um marco difícil de alcançar ou pela certeza de que a alegria do feito compensaria o desgosto de ver a soma partir?
O Benfica acabaria mesmo por conquistar o título europeu, com grande contributo de Águas, que se sagrou o melhor marcador da competição. O sensacional feito motivou enormes festejos. Mas Barroca não se esqueceu, e, assim que os ânimos se acalmaram, no regresso do banquete de Berna, o guarda-redes cobrou a promessa feita. A vida de campeão europeu é de muitas alegrias, porém, também de muitas cobranças. Sem escapatória, José Águas pagou o valor acordado.
Em 9 de Julho, Barroca casou-se com Ana Maria Caetano, e o novo casal contou com 1 conto de réis suplementar para fazer face às despesas.
Saiba mais sobre a carreira destes dois jogadores na área 22 - De Águia ao Peito - do Museu Benfica - Cosme Damião."
António Pinto, in O Benfica
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