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terça-feira, 22 de junho de 2021

Euro


"Escrevo esta crónica enquanto se aproxima o início da participação portuguesa no Euro 2020. Perguntar-me-ão alguns benfiquistas o que terão a ver com isso, mas à falta de melhor argumento relembro o Rafa, o Vertonghen e o Seferovic ao serviço das suas selecções, além dos vários atletas formados no Benfica presentes na prova. E esse argumento é, a par da paixão por futebol, o que realmente me motiva neste certame.
Já há muitos anos que deixei de sofrer pela selecção (em 2004 já não senti a derrota na final por aí além). Não me move qualquer antipatia, muito menos o desejo de que Portugal não vença. Sou realmente indiferente, tenho testemunhas que ainda se surpreendem por isso. Torço pelo sucesso de jogadores do Benfica e daqueles que serviram condignadamente o clube. E vibro com o bom futebol. Nos primeiros dias apreciei a Itália, fiquei chocado e depois aliviado com a situação do Eriksen, contentei-me com o triunfo da Holanda ao cair do pano por ser mais que merecido e agradeci estar vivo ao ver o segundo golo da República Checa. E lamento profundamente a insipidez da maior parte dos jogos. É o tipo de futebol que está instalado, o da procura constante, em posse, dos equilíbrios, para mal de quem sonha com chicuelinas e reviengas, passes de morte e golos extraordinários. Espero que não passe de uma moda.
A indiferença relativamente ao destino da selecção portuguesa não me desqualifica enquanto português, e era só o que faltaria. Apesar de cada vez mais desvalorizar fronteiras geográficas, políticas e culturais, talvez em reacção ao recrudescimento de nacionalismos bacocos, considero-me patriota e adoro Portugal. Não troco o cozido à portuguesa por qualquer iguaria internacional. Mas, no desporto, a minha nação é o Benfica, o qual me preenche plenamente."

João Tomaz, in O Benfica

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