"A Crónica: Empate Frente Aos Escoceses Volta A Surgir Nos Minutos Finais
Assombrado, o SL Benfica entrava na partida com o Rangers FC com um historial horrendo nas visitas a Glasgow, e talvez se tenha notado isso na exibição de certos elementos.
Não que Gabriel ou Chiquinho estivessem conscientes desse facto – é provável que não -, mas o desempenho do meio-campo titular encarnado foi desse nível. Aliás, a equipa só acordou quando Pizzi deu o abanão técnico necessário a um onze cabisbaixo e sem a classe necessária para jogos deste calibre.
No último quarto de hora, a orquestra funcionou como nunca tinha funcionado esta época, houve aparição superlativa de Gonçalo Ramos e Diogo Gonçalves a cavalgar numa ala direita que se sente demasiado vazia quando lá mora Gilberto.
Comecemos pelo golo de Arfield aos sete minutos e em como esse momento marca todo o encontro: o golo fortuito dos escoceces vai, nessa altura, contra a corrente de um encontro dominado pelo Benfica, que tinha entrado determinado em ter bola e a controlar as operações.
Com 1-0, Gerrard ainda mais convicto ficou de que estava correcto na abordagem e manteve a equipa no seu próprio meio-campo, à espreita de oportunidades para exagerar no contra-golpe.
E fez bem, já que a teia tática impediu o Benfica de grandes aventuras ou travessuras, já que não havia meio-campo para suportar a criatividade dos da frente – Everton, por exemplo, teve na bipolaridade do seu jogo a definitiva prova do seu complicado processo de adaptação à Europa.
Conjugou decisões amadoras com as duas grandes oportunidades da equipa na primeira metade: foi dos seus pés que saiu a combinação com Grimaldo que resultou em remate por cima (12’) e, já perto do intervalo, descobriu Rafa entre as torres escocesas, mas o português hesitou e possibilitou corte in extremis.
Na segunda metade, a mesma toada e o mesmíssimo jogo. Waldschmidt, muito activo nas movimentações, mas inconsequente, ainda ameaçou McGregor aos 47’, mas esse falhanço deverá ter sido a gota de água para Jorge Jesus. Aos 55’ troca-o por Pizzi, tirando também Chiquinho para fazer entrar Diogo Gonçalves – e estavam lançadas as sementes para o grande final de jogo a que se ia assistir.
Porém, a equipa precisou do 2-0, marcado por Roofe após remate indefensável, para acordar. A partir dos 75’, como que por magia, Pizzi arregaçou as mangas e levou a equipa para a frente, com a grande ajuda do miúdo Gonçalo Ramos, que, ao fazer o 2-1 (com a ajuda de Tavernier), galvanizou ainda mais os restantes colegas.
Este balanceamento aliou-se ao défice físico do Rangers, o 2-2 aconteceu naturalmente e estavam reunidos os ingredientes certos para possibilitar a completa reviravolta dos encarnados, possibilitando a primeira vitória de sempre na Escócia.
Mas, estranhamente, e talvez seguindo a fórmula Trapattoni – Não percas um jogo que não podes ganhar – o Benfica desacelarou, pareceu satisfeito com o empate e a entrada de Ferro em troca de Seferovic, perto dos 90’, confirmou a ideia de que era o objectivo principal.
Se era possível ir em busca do terceiro? Sem dúvida.
A Figura
Pizzi – Entrou para revolucionar a sala de máquinas encarnada – demorou, mas quando finalmente tomou posse dos comandos, a equipa nunca mais foi a mesma. O golo é prémio merecido para um jogador que não se tem apresentado na plenitude das suas capacidades.
O Fora de Jogo
Gabriel – A inadmissível passividade nos golos sofridos é um excelente resumo da exibição de Gabriel, que parece cada vez menos confortável na posição mais recuada da linha média. Teve pormenores interessantes, poucos, que se tornam insignificantes quando se observa o número de passes falhados e perdas de bola. Por agora, a titularidade parece excessiva.
Análise Tática – Rangers FC
Gerrard nada mudou da abordagem habitual. Em 4-3-3, Kamara esteve sempre mais preocupado com as missões defensivas, com Roofe e Kent a compensarem o posicionamento com a procura do espaço interior. Morelos foi presa fácil para Verthongen e Jardel, desacompanhado como esteve. Tavernier alugou a ala direita, em incrível demonstração de poderio físico.
Onze Inicial e Pontuações
McGregor (5)
Tavernier (6)
Goldson (4)
Balogun (4)
Barisic (5)
Kamara (7)
Davis (5)
Arfield (6)
Roofe (6)
Kent (7)
Morelos (5)
Análise Tática – SL Benfica
O facto de Chiquinho e Gabriel se terem estreado enquanto dupla talvez justifique o fraco desempenho dos dois. A equipa, apesar de ter bola, ressentiu-se dessa falta de pulso naquela zona – Everton, Rafa e Waldschmidt tiveram que cobrir o dobro do terreno, desgastando-se para a produção ofensiva.
Grimaldo surgiu muito bem, próximo do seu melhor nível. Seferovic esforçou-se, tentou procurar uma profundidade que não existia, e cedo se percebeu que o jogo pedia outro tipo de avançado, como se provou na entrada de Gonçalo Ramos – o miúdo procurou entre linhas as associações que não tinha conseguido executar contra o USC Paredes, encontrando-as e possibilitando à equipa manter a bola mais tempo em zonas adiantadas.
Onze Inicial e Pontuações
Helton Leite (4)
Gilberto (4)
Jardel (6)
Verthongen (6)
Grimaldo (6)
Gabriel (4)
Chiquinho (4)
Rafa (6)
Waldschmidt (5)
Everton (5)
Seferovic (3)
Suplentes Utilizados
Pizzi (7)
Diogo Gonçalves (6)
Gonçalo Ramos (6)
Ferro (-)"
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