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sexta-feira, 27 de novembro de 2020

Agir, sempre!


"Decorreu há pouco a Semana da Responsabilidade Social promovida pela Associação Portuguesa de Ética Empresarial.
Exclusão, capital humano e sustentabilidade foi o tema, ou, a teia complexa de atilhos que se enrolam no nosso tecido social, perpetuam a pobreza e a injustiça e, consequentemente, atrasam o desenvolvimento do país e comprometem o nosso futuro colectivo.
É assunto sério e da abordagem complicada porque, à primeira vista, se revela simples, uma vez que estamos ao nível dos sintomas e da superfície deste problema social. Mas um olhar mais atento e profundo, atento aos aspectos estruturais da pobreza e exclusão na nossa sociedade e economia, logo se desdobra em múltiplas, dimensões e revela essa teia complexa a que muitos chamam 'círculo vicioso de exclusão'. Para adensar a dificuldade em compreender a questão, porque sem entender o mal não se cria remédio, a globalização, o avanço tecnológico, a sociedade de informação e outras tantas benesses do progresso parecem cavar o fosso da exclusão, aumentar a concentração de riqueza e propagar a pobreza como um vírus incurável, verdadeiramente pandémico, capaz de singrar tanto em ditaduras como em democracias como a nossa, que tanto nos custou colectivamente alcançar.
Pobreza energética, infoexclusão e exclusão digital vieram juntar-se aos já velhinhos problemas que apoquentavam o séc. XX, como o baixo rendimento familiar, o baixo nível médio de qualificação, o abandono e o absentismo escolares, a exclusão dos diferentes e tantos outros. No fundo, pelo meio de toda esta novidade, conclui-se sempre o mesmo: quanto mais pobre se é, mais pobre se tende a ficar, assim como o oposto, que também é válido. Portanto, desengane-se quem está bem e não sente directamente estes problemas, porque eles lhe escavam o terreno debaixo dos pés sem dar conta e, como diz o povo, sempre sábio, ninguém está bem quando tudo está mal à sua volta, por bem que lhe pareça. Mas, sobretudo, como se ouve há muito nas planícies alentejanas, 'terra que dá cardos não dá pão!'.
Por isso, temos todos de acordar e assumir que estas coisas existem e não se podem disfarçar com conclusões fáceis e ditoches engraçado-xenófobos. Pelo contrário, essas são um problema de todos e de cada um de nós, que não se pode delegar pura e simplesmente nos sistemas de governança, que a todos convoca na construção de um Portugal sustentável e reclama sobretudo acção. Porque a solidariedade, ou responsabilidade social, não é apenas uma causa humanitária, mas um desígnio nacional.
O Benfica sabe bem disso e Age!"

Jorge Miranda, in O Benfica

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