Últimas indefectivações

sexta-feira, 17 de abril de 2020

Basta comparar


"Numa circunstância de tamanha severidade e de 'escala inimaginável' como a que estamos a viver, a primeira preocupação de cada um de nós terá sido percepcionar e avaliar devidamente o risco que nos afectava em família e, depois, perante a avassaladora amálgama comunicacional que nos confundia, procurar destrinçar e implantar as medidas cautelares que o bom senso recomendava para salvaguarda do nosso mais restrito circulo comum. E, mais cedo do que era de supor, acredito que a cada um de nós viria a tornar-se impossível ficar indiferente à gigantesca responsabilidade que, de um momento para o outro, pesava sobre os ombros daqueles a quem dramaticamente cabia o governo do Estado e a gestão das mais diversificadas entidades de que se compõem os tecidos sociais e empresariais do país. Nesse segundo e demasiadamente longo momento que ainda estamos a viver, a ansiedade e as inquietações de todos nós sintetizavam-se no estrito ponto de encontro em que, nas diversas instâncias com as suas respectivas amplitudes, se resumiam as valências estruturais do Estado e das instituições que directamente nos diziam respeito, com a agilidade intelectual e a capacidade de resposta dos líderes.
O Estado, pobre de recursos e tradicionalmente tornado lento nos seus processos de decisão/operação, tendo sido apanhado num surpreendente contraciclo favorável, revelar-se-ia hábil e expedito nas medidas de emergência com as quais se havia de ganhar tempo suficiente para melhor gerir disponibilidades e vidas.
As Empresas em que trabalhamos, conforme a sua dimensão, mas quase todas sempre 'com o credo na boca' quando se falava no futuro, não tiveram alternativa senão a de terem de seguir as regras do 'estado de emergência' decretado pela Assembleia da República, vendo-se obrigadas a postergar as suas próprias medidas conjunturais, assim como as decorrentes consequências, a curto e médio prazo inevitáveis para cada um dos seus trabalhadores.
De um modo geral, as crises definem-se como discrupções que rebentam com a normalidade das comunidades ou instituições: as pessoas, as famílias, as entidades colectivas e/ou os países de repente veem-se submersos numa incapacidade temporária de entender, ou mesmo de responder ordenadamente a acontecimentos inesperados; e muitas vezes, nem mesmo a abundância de meios é suficiente para conseguirem adaptar-se ao novo curso dos factos que, como neste caso, até podem ameaçar interesses vitais do indivíduo ou da sociedade.
De repente, como sempre esperamos nos bons e nos maus momentos das nossas vidas, restava-nos o Sport Lisboa e Benfica - perene objecto do nosso contentamento em todas as conjunturais.
Hoje é absolutamente claro que o Benfica soube adaptar-se com imediata flexibilidade à inaudita aflição. Primeiro, assumindo com celeridade adequadas medidas de recorte verdadeiramente extraordinário, visando proteger da terrível pandemia todos os sues atletas e técnicos, dirigentes, gestores e colaboradores e, por extensão, os seus próprios adeptos.
E depois, em 9 de Abril, de modo institucional, em plena crise universal, com a declaração de Domingos Soares de Oliveira - máximo responsável executivo pela gestão do Grupo Benfica, ao não hesitar em declarar formalmente a sua 'redobrada confiança' no futuro do Benfica, fundamentada na 'política responsável' que lhe permitiu ter chegado 'bem preparado, conforme os resultados que apresentámos no último semestre e ao longo dos últimos seis anos'.
A Comunicação - Comunicação responsável e séria, nas suas formas e nos conteúdos que divulga - permanece como factor absolutamente essencial no centro de um processo da gestão de crises. E, sob essa perspectiva (passe a jactância de quem tem sobejas razões de orgulho acerca da contribuição dos Jornalistas e Técnicos do Jornal O Benfica, nas presentes circunstâncias), hoje é também uma verdade inequívoca que a Comunicação do Sport Lisboa e Benfica tem desempenhado, perante o flagelo, um papel muito consistente e eficaz na agregação da Família Benfiquista. Basta comparar com o que têm feito os outros. Nos nossos congéneres."

José Nuno Martins, in O Benfica

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