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terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

Que mito de Seferovic queremos destruir hoje? O do cepo? Ok. Tomem lá uma subtil chapelada e 18 golos pelo Glorioso

"Vlachodimos
Venceu inapelavelmente o duelo mantido com os jogadores do Aves, que bem remataram à baliza mas nunca pareceram incomodar. Às tantas até pareceu demais, com alguns adeptos do Benfica a pedirem a Vlachodimos que deixasse entrar uma ou duas para não espezinhar o adversário.

André Almeida
Pareceu emocionalmente inseguro. Após um jogo bem conseguido de Corchia em Istambul elogiado por muitos adeptos, André Almeida apresentou-se com uma atitude muito "ai é? então está bem". Regressou ao seu merecedíssimo posto de lateral direito, sacou uma boa exibição a combinar no flanco com o amigalhaço Pizzi para participar muito activamente na construção ofensiva, conseguiu recuperar quase sempre para fechar o seu flanco, e, quando já todos aplaudíamos o seu regresso, certificou-se de que ficaria de fora no jogo seguinte, para nos castigar por termos apreciado o seu suplente.

Rúben Dias
Centralão que se preze tem que cometer uma ou outra falta estúpida de vez em quando, mas o Rúben Dias às vezes exagera. Para roubar um lirismo a alguém que usou esta expressão com uma finalidade completamente diferente, dir-vos-ei que é a festa do futebol. Felizmente, até Hugo Miguel compreendeu isso e perdoou-lhe o segundo amarelo.

Ferro
O jovem central do Benfica tem cara de quem, por enquanto, aceita melhor reparos do que elogios. Os reparos permitem-lhe melhorar. Os elogios - justos - parecem confundir, desviam o seu olhar da bola, levam-no a sorrir em demasia. Talvez estivesse ainda a festejar o seu segundo golo na equipa principal quando subitamente um tipo do Aves fugiu à marcação de Ferro e seguiu na direcção da baliza. Um defesa mais experiente teria abordado o lance de outro modo, chegando primeiro à bola ou deixando o avançado do Aves ser contrariado por Vlachodimos. Ferro, ainda a regressar da estratosfera, não deu essa oportunidade ao colega grego e acabou expulso. Felizmente tem aquela cara de aluno obediente de quem vai dar tudo para emendar o erro, até que as agruras da vida de defesa central lhe roubem o sorriso dentro de campo e façam dele o defesa central que promete vir a ser.

Grimaldo
Não marcou no primeiro minuto, não fez uma única assistência e não acertou nenhum tiraço fora da área. Há semanas que não era assim. Veremos como é que Grimaldo recupera deste momento menos bom. Muita força, Alejandro.

Samaris
Do passe teleguiado que assistiu Seferovic para o primeiro golo aos inúmeros lances em que portentosamente liderou a recuperação de bola da equipa, passando pelo lance confuso na área do Benfica que termina com 30% dos adeptos de futebol do país a pedirem penálti por um suposto toque do braço na bola, é de facto inequívoco o magnetismo de Samaris. Neste Benfica de Bruno Lage, não é Samaris quem procura a bola, é esta que o persegue incessantemente em busca de carinho e afecto, de um abrigo, de alguém que a aceite por aquilo que é: um objectivo inanimado que também merece ser amado. Braço na bola? Tenham juízo.

Gabriel
A cada momento em que o Benfica perde a bola, um novo lado espectáculo recomeça e vemos a equipa assumir uma posição de ataque, neste caso ao homem que tem a bola e aos colegas que, ingenuamente, pensaram que este jogo se jogava assim. Nada disso. Passem para cá a bola, dirá o colectivo benfiquista instantes depois. Gabriel é quem hoje melhor corporiza esta atitude, mas fá-lo com a humildade de quem está disposto a recomeçar as vezes que forem precisas, até ao dia impossível em que o nosso adversário simplesmente desiste e nos entrega a bola. É bonito de ver. 

Pizzi
A dança de Pizzi no esquema tático de Bruno Lage, a um só tempo bailarino e coreógrafo, devia cobrar bilhete não na Vila das Aves, mas na Culturgest.

Rafa
Estão aquela nesga de tempo e espaço em que recebeu orientado, tirou um adversário do caminho e rematou ao poste mais distante? Aquele grau acrescido de dificuldade do primeiro ao último gesto técnico? É nessa vertigem que Rafa gosta de viver quando não está ocupado a explorar múltiplas combinações pelo meio, pelas alas, a vir buscar jogo atrás, a correr para recuperar a bola, enfim, já perceberam. Se fosse fácil não seria para ele. Esta frase do professor soa melhor agora.

João Félix
Um ou outro excesso individualista não lhe farão mal enquanto for capaz de providenciar aos colegas as condições necessárias para fazerem os benfiquistas felizes. Ainda assim, admito que já tenho saudades de um golinho dele. Não, pelo contrário. Estamos a ficar bem habituados.

Seferovic
Mais uma aparição repentina nas costas do adversário, com uma recepção que adianta ligeiramente a bola e nos perguntamos: ok, que mito acerca de Seferovic queremos ver destruído hoje? O do cepo? Ok, então tomem lá está subtil chapelada ao guarda-redes. Mito dizimado, como se ainda não tivesse sido. Próximo.

Gedson
O seu grande defeito neste momento é não o termos visto estrear-se com Bruno Lage, mas sim com Rui Vitória. Isso faz com que o rapaz pareça um veterano no meio dos outros miúdos e em desvantagem face aos colegas que disputam o centro do terreno. Felizmente o treinador já se apercebeu disso e está aos poucos a inventar um novo lugar para Gedson, a desempenhar o papel que tem cabido a Pizzi. Ninguém vai tirar o lugar ao maestro na liga, mas pelos vistos foi por isso que se inventou a liga Europa. É aproveitar que ainda há muito Gedson para dar.

Jonas
Poucos minutos em campo. Qualquer dia está a engraxar as botas do Seferovic.

Zivkovic
Ironicamente, os seus poucos minutos serviram para ficarmos a saber que Bruno Lage conta com todos, porque o treinador do Benfica fez questão de o dizer. Isto sim é um gajo às direitas. Perdão, um treinador."

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