"Numa carreira terminada de forma precoce, muitos foram os momentos que ficaram na memória dos adeptos
Quanto tempo pode durar um sonho? Vítor Silva 'quando menino e moço desejava, única e simplesmente, ser jogador de futebol'. Não imaginava fama nem jogar nos melhores palcos ao serviço de grandes equipas, bastava-lhe jogar futebol, onde quer que fosse seria feliz.
Com 14 anos jogou a sua primeira parida oficial, ao serviço da 2.ª categoria do Internacional contra o Vitória de Setúbal... a guarda-redes. No final do encontro, pediu: 'deixem-me, sozinho, relembrar em silêncio, minuto a minuto, a hora divina que vivi!' Continuou a viver momentos como esse no Hóquei Clube de Portugal e, depois, no Carcavelinhos, passando a actuar como avançado. Tornou-se 'um jogador dos pés à cabeça'.
A notícia da sua contratação pelo Benfica, em 1927, 'rebentou como um bomba. O meio desportivo da capital, animou-se extraordinariamente'. Vítor Silva realizava algo que nunca imaginou ser possível. 'eu, quando garoto, nunca sonhei tão alto'. No final da época, fez parte dos convocados para os Jogos Olímpicos de 1928, sendo o grande destaque da equipa das quinas, que chegou aos quartos-de-final, ao apontar 3 golos em 3 jogos. Na última partida dos portugueses, frente ao Egipto, contraiu uma lesão que lhe provocou uma hérnia.
As complicações posteriores à operação fizeram com que nunca recuperasse totalmente, condicionando a carreira. 'Mesmo lutando em condições de manifesta inferioridade física, Vítor Silva continuava a ser o elemento indispensável' do ataque do Benfica. Peça-chave dos 'encarnados', venceu 1 Campeonato de Lisboa, 1 Campeonato Nacional e 4 Campeonatos de Portugal. Desta última prova, ficou na memória a final de 1930/31, frente ao FC Porto, em que o avançado bisou na vitória por 3-0.
Em 1936, com apenas 27 anos, Vítor Silva 'pendurou as botas'. O futebol perdia um 'virtuoso da bola, jogador de lances imprevistos e desconcertantes, (...) diferente dos outros todos, porque era Vítor Silva!'
Quanto tempo pode durar um sonho? Para Vítor Silva, o tempo foi o menos importante, mas sim a intensidade como viveu esse sonho, maior do que havia idealizado. Tornou-se num ídolo. Sonhava ser jogador e fez sonhar os adeptos, que viram magia a acontecer mesmo à sua frente, num sonho que começava da mesma forma como terminava: ao som do apito do árbitro.
Saiba mais sobre Vítor Silva, considerado o primeiro grande avançado da história do Benfica, na área 23 - Inesquecíveis do Museu Benfica - Cosme Damião."
António Pinto, in O Benfica
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