"Eliminação nos oitavos de final frente ao Uruguai soube a pouco.
Antes de o Campeonato do Mundo começar, o objectivo mínimo para a Selecção seria chegar aos quartos de final.
Com o decorrer do torneio e perante a perspectiva de a equipa, mais uma vez, cair no lado bom do calendário, talvez até tivesse sido possível ter chegado mais além. A oportunidade perdeu-se com o penálti assinalado a Cédric nos descontos, frente ao Irão.
O conjunto de Fernando Santos regressou a casa, e não foram poucos os adeptos que lhe manifestaram apoio. Apesar da eliminação frente ao Uruguai, a empatia entre o povo português e os jogadores campeões da Europa permanece. Não aconteceu nada no Mundial que a tivesse afectado, ou de certa maneira corrompido. Do ponto de vista do adepto, não será improvável que essa ligação emocional tenha saído até reforçada.
Portugal não envergonhou, e é por isso!
Venceu um jogo, empatou dois, um deles com a Espanha, e lutou até ao fim para a evitar a derrota frente ao Uruguai. A boa segunda parte com a Celeste Olímpica é a última imagem com que todos ficamos, e não é, de todo, uma das más. Entrega, suor, coesão, espírito de grupo, uma equipa unida à volta do seu técnico, isso tudo foi identificável na Rússia.
De um ponto de vista mais crítico, chega-se à conclusão de que Portugal não teria, provavelmente, futebol para mais.
A um posicionamento muito defensivo, somou-se um futebol desligado, desapoiado, demasiado à procura da explosão dos homens mais adiantados. Com alguns elementos em mau momento, casos de Raphaël Guerreiro, João Mário e Gonçalo Guedes, e com outros demasiado presos à linha, como esteve Bernardo Silva, a Selecção Nacional foi muitas vezes inconsequente, sem capacidade de chegar à área contrária e finalizar.
Não se trata apenas do posicionamento conservador. A Selecção não soube construir-se a partir de linhas tão baixas, e teve o seu melhor período em toda a competição no momento em que Bernardo Silva pisou terrenos interiores. Portugal não jogou mal porque foi defensivo, mas sim pelos momentos em que tinha de deixar de sê-lo.
Porque nem tudo foi mau olhemos para o copo meio-cheio.
A próxima Liga das Nações da UEFA encerrará mais desafios para uma Selecção que já tem parte dos seus titulares com mais de 30 anos: Pepe (35), Fonte (34), Moutinho (31), Manuel Fernandes (32) e Bruno Alves (36). O eixo defensivo é um problema e Rúben Dias terá rapidamente de começar a contar, da mesma forma que se esperam sinais de crescimento vindos do Seixal, Alcochete e Olival.
Depois, há outros jogadores já preparados para assumir o desafio, como Bruno Fernandes, que até terá jogado de menos nesta fase final.
Se no que diz respeito às opções mais virão a caminho, na filosofia é preciso crescer para lá da fórmula-Euro. Dificilmente, um raio cai duas vezes no mesmo sítio. Caberá a Fernando Santos pensar fora da caixa, da sua."
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