"Um treinador não pode ter filhos e enteados dentro de um plantel. Se passar essa ideia aos seus jogadores, é meio caminho andado para perder o balneário. Especialmente quando os maus resultados aparecem. A lógica é simples: pode ter as suas preferências, é pago para decidir quem joga e não joga, mas tem de tratar todos por igual.
Rui Vitória foi exímio nessa gestão nas duas últimas temporadas. Teve o mérito de manter um grupo unido, entre habituais titulares e menos utilizados no Benfica. Até porque, em diferentes momentos, acabou por precisar de quase todos eles.
Agora entende que Mile Svilar deve ser a primeira opção na baliza. Está no seu direito. O jovem belga não pode ser crucificado por um erro. Tem potencial, atrevimento, qualidade e a inexperiência própria de quem acaba de fazer 18 anos e começa agora a sua carreira profissional. Se Vitória decidiu pôr o belga a jogar, com base em ideias tão sólidas como sublinhou após a derrota frente ao Manchester United, não pode deixá-lo cair à primeira infelicidade. Até porque os problemas dos encarnados, na presente temporada, nada se devem a Svilar. Esse chegou apenas agora.
Mas o técnico das águias não tem de anunciar, quatro dias antes, que Svilar vai ser titular no jogo desta tarde frente ao Aves, quando não fez o mesmo com Bruno Varela depois deste ter comprometido com o Boavista. Pode preferir um a outro. Pode achar que, neste momento, Svilar é melhor do que Varela, Júlio César e Paulo Lopes. Talvez seja. Mas se o filho predilecto joga hoje, amanhã Rui Vitória pode precisar de um enteado."
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