"No artigo anterior reproduzimos os activos correntes e não-correntes da Benfica SAD. Vejamos (...) a evolução dos activos correntes consolidados da Benfica SAD.
Chegámos à conclusão de que, perante os valores apresentados nas contas, o grupo Benfica SAD tem muita disponibilidade financeira. Se cobrar os valores que tem a receber de clientes, pode realizar duas de três operações possíveis - pagar mais passivo corrente e tentar ficar compassivo não-corrente, reforçar a sua equipa de futebol, ou investir em outras áreas, ou tudo junto!
Mas o valor do passivo total tem vindo efectivamente a baixar?
Vejamos (...) o passivo corrente do grupo Benfica SAD.
E quanto ao não-corrente, (...)
Está perfeitamente identificada a situação que caracteriza o passivo do grupo Benfica SAD. São os empréstimos obtidos.
Como primeira nota, a substituição de empréstimos obtidos de passivo corrente para não-corrente equivale ao prolongamento no tempo do seu pagamento, que possibilita o aumento da percepção de rendimentos que permitam o seu pagamento de forma mais faseada.
Depois, os empréstimos obtidos caracterizam-se agora essencialmente por operações de obrigações.
Essas operações de obrigações têm uma média de durabilidade de três anos, e convém um destes dias dar uma olhada pelo valor que a Benfica Estádio ainda deve ao seu Estádio da Luz. A contracção do naming permitiria acelerar o pagamento integral do Estádio.
Ora, o encaixe de valores significativos de vendas de jogadores permite que se reduza o passivo de empréstimos obtidos de forma considerável, mas há que ter atenção aos custos.
Um clube, hoje em dia, é uma mistura de património e campo. O poder pode vir do campo, mas, se não for acompanhado de uma gestão superavitária, vai acabar por mergulhar nas águas frias do mar do Norte.
É inquestionável que a exigência da formação continua a ser muito grande, pois só se podem substituir com rentabilidade as saídas com a produção de matéria-prima com baixo custo. E aqui, há que olhar e focar.
Há um momento em que se deve partir para horizontes maiores, mas primeiro há que arrumar a casa e criar estabilidade, patrimonial, financeira e desportiva. E, sem estabilidade humana, o que se obtém é zero!
Investir em activos tangíveis de infra-estruturas tem de ser acompanhado num investimento a sério que permita obter rentabilidade, um bocado à imagem do que agora está na moda - contrair créditos à habituação para arrendar em alojamento local e com essa renda pagar o empréstimo.
O Benfica não precisa de ficar neste 'limbo' de mercado, pode perfeitamente arranjar um investimento que não dependa das variáveis do mercado. É tudo uma questão de estudo. Mas que tem uma situação financeira invejável face à sua dimensão, isso tem.
Uma operação pública de venda das suas acções permitiria um encaixe brutal de dinheiro, mas a contrapartida era perder o controlo da SAD. Isso é impossível no quadro cultural actual. Por isso, tem de se reforçar e voltar à ribalta desportiva, com cabeça, tronco e membros. Não é fácil, mas é possível!"
Pragal Colaço, in O Benfica
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