"O Benfica viajou ao Funchal para medir forças com o Marítimo no Complexo Agrícola dos Barreiros. Apesar de o nome do clube sugerir o mar como habitat natural, é na terra lavrada que os insulares se sentem confortáveis. Admirei, confesso, a destreza campestre por eles exibida durante toda a partida.
Logo a abrir, o Charles foi colher uma batata ao fundo das redes com elevada agilidade - aquela que lhe faltou para os pontapés de baliza nos últimos 20 minutos. Este início terá entusiasmado muitos, porém, eu fiquei desconfiando. Tenho motivos suficientes para acreditar nesta equipa em jogos de futebol - deram-me fortíssimos argumentos para isso nos últimos anos. Todavia, a confiança é quase nula quando se trata de embates agrários. Dizem, alguns, que tínhamos obrigação de fazer mais e melhor. Concordo em parte.
A esse propósito, devo dirigir-me ao presidente Luís Filipe Vieira. Aplaudo de pé a aposta no Seixal, mas esta exibição colocou a nu algumas fragilidades do projecto. Tanto quanto sei, as tão apregoadas condições do CFC, englobam, por exemplo, bolas. Também balizas. Chuteiras, presumo. Parece-me francamente pouco. Agora, não há como esconder certas carências: foices e enxadas.
Ao que parece, para se ganhar não basta saber ser bom em futebol - é ainda necessário dominar a agricultura. Eu bem vi, a meio do jogo, o Salvio esbarrar numa plantação de cebolo ao tentar driblar dos camponeses, perdão, adversários. Juro que avistei o Cervi a cruzar, por engano, uma beterraba para a área. Até reparei, imagine o leitor, que o Jonas estava a jogar de chuteiras.
De facto, é inevitável investir. Neste jogo, fizeram imensa falta 14 pares de galochas."
Pedro Soares, in O Benfica
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