"Fernando Gomes, presidente da FPF, fez saber à Comissão de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto da Assembleia da República que são necessárias alterações legislativas para que o futebol português reentre nos carris. A violência verbal que marca recorrentemente o discurso dos principais clubes, o clima de ódio e intolerância instalado e a instabilidade criada em torno da arbitragem, dificilmente terão fim através do processo de autoregulação vigente. É preciso ir mais longe, com novas ferramentas legais que impeçam o caminho do abismo que está a ser trilhado. A rivalidade entre os grandes e a vontade de cada um deles ganhar tudo não serve de explicação para o estado a que as coisas chegaram.
Porque rivalidade e vontade de ganhar sempre existiram. Mas, mesmo em momentos mais delicados, houve sempre pontes que se construíram para tratar assuntos de interesse comum e fazer evoluir a indústria do futebol. Até ao momento presente, em que passou a vingar a política da terra queimada, da afronta, da acusação, do ódio e da intolerância. Fernando Gomes tem a razão do seu lado, o diagnóstico que fez é certeiro e as medidas para a cura apresentam-se exequíveis. Teve a coragem de dizê-lo, de não enjeitar responsabilidade de reconhecer que não dispõe, na FPF, de todos os instrumentos necessários ao tratamento.
Como se vai vendo que dos clubes não há muito a esperar, resta saber se da área do Governo e dos partidos vai surgir algum sinal, para além da conversa mole e da inércia habituais em quem não se quer comprometer e, mais do que viver, quer apenas sobreviver..."
José Manuel Delgado, in A Bola
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