"Bruno de Carvalho citou um meu artigo publicado nestas colunas do Record em 19 de Agosto, na sua histórica ‘entrevista’ concedida à Sporting TV, na passada terça-feira, confessando-se muito indignado e prometendo-me um processo judicial, alegadamente por o ter apelidado de mentiroso.
Tinha a certeza de que não o havia feito, mas fui reler o artigo. Nada. Tentei, então, tentar perceber a razão pela qual o presidente do Sporting se revelou tão assanhado com esse meu artigo, que ele diz NÃO ser de opinião e põe em causa o ganha-pão e a família. Só pode ser porque defendi, desde a primeira hora – desde que as imagens foram públicas – que presidentes de clubes não podem ter, em circunstância alguma, o comportamento que Carlos Pinho e Bruno de Carvalho tiveram no ‘túnel de Alvalade’. E por isso defendi um castigo mais pesado para o presidente do Arouca (convicto da maior gravidade das suas acções) e um castigo suficientemente penalizador para o presidente do Sporting. Este tipo de ‘túneis’ só fazem mal ao futebol.
O segundo motivo pelo qual o presidente dos leões se revelou tão assanhado com esse meu artigo, aqui, no Record, só pode ter a ver com a ironia então utilizada, porque – na minha OPINIÃO, e aqui é sempre a minha opinião que está em causa e a de mais ninguém… —, considerando os argumentos utilizados por Bruno de Carvalho e os do seu director de comunicação, esses argumentos só poderiam ser validados, em sede de recurso, no sentido da absolvição, se o ‘juiz’ fosse… Nuno Saraiva. É que Bruno de Carvalho quer fazer vingar a tese de que só expeliu fumo/vapor para a cara de Carlos Pinho, que reteve na boca por alguns segundos, quando se apercebeu que o presidente do Arouca se lhe dirigia, porque este o empurrara (com o braço direito). É uma justificação estapafúrdia, que só engole (com ou sem fumo) quem quiser.
Já todos sabemos que o presidente leonino não gosta de perder, e isso, até certo ponto, é saudável. Um presidente competitivo é melhor do que um presidente alheado. E, pelos vistos, cansado de ser alvo de tantos processos, também quer passar à condição de fautor dos ditos cujos. Também neste caso confunde tudo, confunde todos, e promete processos a quem puser em causa a sua sabedoria de Rei Salomão. A técnica é velha; não é de um inovador.
Bruno de Carvalho quer transmitir a mensagem de líder de um novo mundo. O (tal) inovador. O reformador. O revolucionário. O todo-poderoso. O único que sabe. O único capaz de corrigir as deformações do velho mundo. Acha-se capaz de vencer tudo e todos, mesmo que às vezes apareça sozinho, ou pouco rodeado, perante exércitos bem mais organizados. Acha-se o melhor estratego, mas estratégia é algo que não sabe usar. Acha-se portador de um poder que não tem. E, narcisicamente – como se televiu nessa histórica ‘entrevista’ à Sporting TV –, acha que, em termos de comunicação, não recebe lições de ninguém, quando esse é de facto o seu maior problema. A comunicação deveria ser selectiva e não em massa, porque desta forma a ‘estupidificação em massa’ transforma-se em ‘estupidificação em missa’, e a mossa que faz é na sua própria credibilidade, que faz tanta questão em autoproclamar.
O presidente do Sporting estava particularmente agitado naquela histórica noite de terça-feira: com picos de euforia e de uma teatralidade pouco natural, usando e abusando do ‘moderador’, que nunca deve ter vivido – coitado – um momento tão aviltante como aquele. Insurgiu-se, depois, no Facebook (que anunciara solenemente deixar para depois fazer marcha-atrás…) contra as críticas à sua prestação televisiva, sentindo-se incompreendido pelo facto de darem mais importância ao estilo e à forma do que propriamente ao conteúdo.
Exactamente: alguém (não sei quem...) tem de explicar ao presidente do Sporting esta elementaridade de que é ele próprio quem causa a distracção dos seus conteúdos. Com tantos tiques de representação, não acha difícil que alguém o leve a sério? Como pode ambicionar que alguém o leve a sério se está sempre a colocar-se num palco de stand-up comedy? Será que, depois de ter revisto a sua prestação televisiva, não dá conta do péssimo serviço que prestou a si próprio, ao futebol e ao Sporting CP?
Um caso perdido? A pior coisa que pode acontecer a um presidente eleito, visto como uma esperança, é ser dado, de repente, como inepto. E Bruno de Carvalho está a colocar-se a jeito. Lamentavelmente. O ‘planeta’ e os ‘satélites’ são todos iguais, no actual Sporting. Autocrítica? Isso é coisa de… outra galáxia.
Jardim das Estrelas -- 3 estrelas
‘Chouriço’
ou ‘obra-prima’?
Da mesma maneira que um ‘chouriço’ pode ser considerado uma ‘obra-prima’, também uma ‘obra prima’ pode ser considerada um ‘chouriço’. A verdade é que André Almeida meteu a bola na baliza do Portimonense, salvando o Benfica de uma situação comprometedora. Segundo Vítor Oliveira, na Luz houve um ‘chouriço’, um penálti mal assinalado (por simulação de Salvio) e é esta dialéctica que o futebol vai ter sempre, porque entre chouriços, obras-primas, penáltis que sugerem ‘colinhos’ e penáltis que resultam de "empurrões evidentes’ haverá sempre milhares de teses. Uma coisa parece indiscutível: a bondade da decisão do árbitro (via VAR) no lance da anulação do segundo golo do Portimonense - e isso merece ser celebrado, porque o VAR é para acrescentar verdade ao futebol e não para lhe tirar (como já aconteceu na Liga portuguesa). Um sublinhado especial para o bom jogo realizado pelo Feirense e pelo Portimonense, frente a Sporting e Benfica. Nuno Manta e Vítor Oliveira perderam, mas deram muito trabalho a Jorge Jesus e Rui Vitória.
O Cacto
A arma
dos fracos
Nada, mas mesmo nada, justifica actos de violência, ameaças, chantagens e tudo aquilo que percebemos existir sempre que as decisões dos árbitros e agora dos videoárbitros não são consentâneos com determinados interesses clubísticos ou mesmo quando se tratam de erros grosseiros, como aquele que o VAR Vasco Santos cometeu no recente Benfica-Belenenses, na avaliação do lance entre Eliseu e Diogo Viana. A violência é a arma dos fracos. Mas a hipocrisia dos comunicados é uma outra arma, que violenta a inteligência. Os vidros dos telhados estão todos estilhaçados."
PS: É tão bonito, quando as comadres de zangam... mesmo quando é a fingir!!!
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