"O seleccionador alemão Joachim Low parece viver com a descontracção de quem não tem ninguém a olhar para ele, o que me parece, hoje, um estado de espírito cada vez mais impossível, até invejável. Não têm sido raras, por isso, as ocasiões em que é surpreendido nos jogos a cheirar o suor nos sovacos, a tirar macacos do nariz ou a deslizar a mão pelas calças abaixo, à frente e atrás, para cheirar depois. Surpreendido ou talvez não queira saber. É, de qualquer forma, notícia quando o faz e há vídeos desses momentos burlescos na internet; evidentemente. A intensidade dos nossos odores corporais é uma curiosidade para nós. Ou seja, a questão não é o que Low tem feito - porque isso toda a gente fez -, a questão é que o faça sentado no banco de suplentes da Alemanha, claro.
Low, na verdade, é até bastante asseado ou não tivesse ele dito o que disse da javardice entoada por alguns alemães na bancada do recente jogo na República Checa, de qualificação para o Mundial, responsáveis pela evocação de simbologias e terminologias nazis. Criticou Low no final do jogo: «Não estou triste, estou furioso! Esses não são nossos adeptos. Como equipa de futebol, representamos os valores de um grupo, o esforço, a tolerância, a abertura de espírito da Alemanha. São uma vergonha para o meu país. Estou enjoado!» No final do jogo, os próprios futebolistas alemães recusaram cumprimentar os adeptos na bancada, apesar destes terem viajado a Praga para acompanhá-los.
Nestes tempos em que o Mundo regressa aos anos 30 - bem, na verdade já está quase nos anos 30 outra vez, mas de um novo século; talvez seja por isso... -, com imbecis dedicados a revisionismos históricos e entendimentos nacionalistas e racistas sem qualquer fundamento, da Alemanha nos Estados Unidos, é necessário que quem ocupa cargos como o de Joachim Low se rebele contra estas escandalosas, à vista de toda a gente, faltas de higiene."
Miguel Cardoso Pereira, in A Bola
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