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quarta-feira, 28 de junho de 2017

Sem medo da verdade

"Há cinco/seis anos que paira na Luz o receio de o correio electrónico do Benfica chegar ao conhecimento do FC Porto

Sem grande rigor cronológico, tudo parece ter começado a 1 de Abril (jornada 27), esse, o dia das mentiras, quando os jogadores do FC Porto se abraçaram em bizarra comemoração pelo empate no Estádio da Luz, mesmo não tendo chegado à liderança nem relevado competência bastante para lá chegarem em oportunidades futuras.
Qual o motivo, então, de misterioso festejo? Depositar todas as esperanças na parceira com o Sporting, na altura ainda meio clandestina, mas confirmada mais tarde através de curtas missivas entre presidentes, depois de os directores de comunicação dos dois clubes terem sido apanhados em encontro que se admitia protegido da curiosidade jornalística, dada a experiência de quem nele participou, por denunciar a arquitectura de uma aliança contra o Benfica.
Em vésperas da jornada 29, desenrolou-se a novidade número um, a da relevação da existência de uma cartilha entre os comentadores associados ao Benfica e logo a seguir a número dois com a divulgação de nomes a quem seria endereçada. Nessa jornada 29 (15 de Abril), porém, o FC Porto não conseguiu ganhar em Braga e o efeito da mensagem esvaiu-se.
Na seguinte, a 30.ª (22 de Abril), o Sporting não foi suficientemente competente para justificar o acordo de conveniência com o amigo nortenho e o Benfica ficou com o caminho livre para o título. Apostaram-se, então, todas as fichas na viagem do Vitória SC (13 de Maio) à Luz. Outra desilusão: além de um Benfica super inspirado, na altura os jogadores vimaranenses tinham a cabeça já na final da Taça de Portugal.

Campeão a uma jornada do fim, Luís Filipe Vieira libertou o entusiasmo e apontou a patamar mais elevado: o penta!
Soaram os alarmes no Dragão. O Sporting revelara-se aliado de fraca influência, obrigando a uma estratégia mais agressiva com dois objectivos imediatos: desviar as atenções da demorada substituição de treinador e, principalmente, do furacão previsto na torre das Antas, mas ainda ignorado da opinião pública e que teve a ver com a intervenção da UEFA por incumprimento do fair-play financeiro.
A venda de André Silva foi a primeira medida. Claro que o FC Porto tinha de vender jogadores, esclareceu o administrador Fernando Gomes, à margem de uma sessão especial de mercado na Euronext (7 de Junho), salientando, no entanto, que o clube procurará «encontrar soluções no mercado e continuar a ter uma equipa muito competitiva».
Em concomitância, na sua briosa empreitada, o director de comunicação portista continuou a mostrar trabalho bem feito. De tal modo que foi capaz de erguer uma cortina que tem escondido da curiosidade alheia os problemas que a sua Administração enfrenta. Alguém questiona as entradas e saídas no FC Porto ou como vai respeitar-se a ordem superior sem fragilizar a capacidade competitiva do plantel? Não, o foco, como é moda dizer-se, está nos mails, nos sms relacionados com o Benfica e em tudo quanto deles derivará.

Na trincheira benfiquista, o silêncio tornou-se incomodativo para os adeptos e a sua primeira reacção pública teve-a António Simões, a 8 de Junho, no programa Aquecimento da BTV. Proclamou o antigo campeão europeu não se rever «nesta gente a representar o Benfica», clube que, sublinhou, além de maior, «tem de ser o melhor».
Do ponto de vista jurídico, poderá haver matéria para recorrer aos tribunais com dúzias de acções, mas o que família benfiquista quer saber é se os mails e os sms existem e se os conteúdos revelados são verdadeiros e no que isso poderá prejudicar a imagem do emblema. O resto é conversa para entreter.
Dizer-se que o director de comunicação portista a partir de agora estará impedido de dar publicidade ao caso é igual à zero. Nada impede que outros o façam e lhe peçam para comentar, como já deu para perceber. Além de, há cinco/seis anos, pairar na Luz o receio de o correio electrónico do Benfica, pelo menos em determinado período, ou até determinado período, chegar ao conhecimento do FC Porto.
Que se saiba, o risco nunca foi assumido. Por isso, não há volta a dar. É o efeito de convidar para casa ou andar de braço dado com pessoas que comeram sopa nas mesmas malgas dos adversários e da tolice de outras que falam de mais e estimulam amizades que não se recomendam.

Assiste-se a um ataque ao Benfica com origem conhecida. À justiça cabe apurar se há culpas, de acusadores, de acusados, ou de ambos. A Filipe Vieira compete retirar as ilações que a situação recomenda.
O Benfica não deve deixar-se comer de cebolada, como alertou Rui Vitória, mas também não deve o presidente tolerar que gente que o rodeia manche o nome da instituição. Sem medo da verdade, nem das consequências. Só assim o Benfica, além de maior, será o melhor, como preconiza António Simões. "

Fernando Guerra, in A Bola

1 comentário:

  1. Força Benfica... é nas 4 linhas que se veem os Campeões e rumo ao "37"

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