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quarta-feira, 28 de junho de 2017

O silêncio dos cobardes e dos ignorantes

"Há que desmistificar o futebol profissional como desporto, há que tratá-lo como espectáculo desportivo profissional

Coloquemos os pontos nos ii e explicitemos, desde já, o nosso entendimento e postura em relação à independência e isenção da nossa crítica, ou apoio, ou desapoio, em relação à “sociologia do desporto” que, diariamente, vai acontecendo em Portugal, incluindo ainda algum espectáculo desportivo, profissional, como o futebol, e não só. É que, à partida e a título definitivo, excluímo- -nos de qualquer colaboração que não esta, escrita em jornal.
Esta é a nossa forma de retorno à sociedade civil porque, em relação à militar, demos muito mais do que recebemos, ou melhor, recebemos, sim, ingratidão, indiferença, arrogância, etc., etc., apesar de termos ajudado a transformar, durante 40 anos, alguma gente um pouco boçal em “oficiais e cavalheiros”!
Mas vamos ao que interessa, já que o resto são “águas passadas”; quando nos impomos pelo conhecimento, pela honestidade intelectual, pela seriedade e isenção, a troco de nada, o que recebemos de certa sociedade civil, politizada, é o silêncio, cúmplice de compadrios partidários ou de “irmandades” organizadas à volta dos seus interesses, ambos como forma de proteger o seu estilo “fraterno” de viver numa sociedade que só é solidária para alguns, como aliás Luís de Camões já nos tinha avisado: “terra madrasta que trata uns como filhos e outros como enteados”...
Os que sabem o valor das coisas e não têm a coragem de o reconhecer, de forma pública, porque não estão autorizados, são o exemplo expresso da cobardia; os outros, coitados, são os idiotas úteis, os ignorantes, os pobres de espírito, como diz certa Igreja Católica, e que, por isso, não têm opinião. Ora estamos a falar da reconstrução nacional que se impõe para afastar o mau olhado do diabo que ameaça a solidariedade nacional, embora construída por forma antinatural e até à margem da contabilidade tradicional, apesar de se ter encontrado uma solução em que se juntaram os que, sozinhos, nunca poderão impor a sua vontade...
E agora o que temos é uma indefinição, fruto da incerteza, ou da certeza de que a solução encontrada é precária, durará pouco tempo, e o que vai gerar é apenas o fruto de uma reacção típica da criação de anticorpos como fórmula química natural que garante a imunidade, ou seja, rejeita o que não é natural e que o organismo considera uma doença, para não dizer uma aberração!
Mas então onde é que entra a análise sociológica do desporto? É aqui mesmo, na impreparação que grassa no sector, que apenas continua a gerir o que está, mostrando-se incapaz de alterar seja o que for, ou seja, está inoperacional, porque não tem qualquer ideia-programa para opor ao que existe, que é fruto do antes e depois do 25 de Abril, mas que está paralisado e com os seus efeitos bem visíveis, ou seja, estagnado.
Há que desmistificar o futebol profissional como desporto, há que tratá-lo como espectáculo desportivo profissional que é, como negócio, como indústria, mas não como desporto, que de facto não é. Há que ter a coragem de assumir que no desporto profissional não faz sentido controlar e combater o doping, mas sim controlar os jovens do secundário e das faculdades, que se drogam e consomem álcool, num crescendo permanente, mas que ninguém controla ou combate, e isto é que é importante porque é o futuro do país que está em causa.
Há que rever a fórmula da inspecção da actividade profissional, no Estado, dos docentes de Motricidade Humana, já que não são animadores de actividades desportivas, mas sim educadores através do movimento, com objectivos e finalidades bem expressos na lei.
Por fim, há que rever a forma de aconselhamento técnico-profissional junto daqueles que tomam decisões, para que não seja condição única e necessária o cartão partidário, mas sim a competência. 
Sabemos que é pedir muito, mas se pedimos pouco ficamos com pouco e, mesmo assim, se tivermos sorte."

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