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segunda-feira, 9 de maio de 2016

Um jogo, uma equipa e um campeonato que são um drama

"O Benfica esteve muito tempo a jogar com dez jogadores, mas conseguiu vencer o Marítimo (2-0) na Madeira e regressar à liderança da Liga

Estávamos no início da época quando Rui Vitória, em entrevista ao Expresso, surpreendeu os adeptos que estavam habituados a ouvir precisamente o contrário de um treinador que é conhecido como o “mestre da tática”:
- O que é mais importante? O lado técnico-tático da coisa ou o lado psicológico e emocional?
Antes de mais, um jogador é um ser humano. Se conseguir entrar dentro do ser humano, consigo chegar ao jogador; se quiser começar pelo jogador, talvez não consiga chegar ao ser humano e poderei ter problemas. Os futebolistas são bem pagos, OK, mas têm pais que têm problemas, filhos que têm problemas, mulheres, namoradas... Tudo isto tem importância no rendimento deles. Não tenho de andar a coscuvilhar, mas tenho de conhecer o homem; às vezes, damos um abraço; outras, uma marretada nas costas [risos].
[...]
A hora e meia de treino talvez seja o menos importante. 

Quando, aos 68 minutos de jogo, um adepto invadiu o campo para ir abraçar Rui Vitória, ficou claro que os benfiquistas estão rendidos a este homem. É um mestre da tática? Provavelmente não. O Benfica teve esta noite maior qualidade de jogo do que o Sporting na noite de sábado? Provavelmente não. E durante grande parte do campeonato? Provavelmente também não.
Mas este treinador de homens (não confundir com treinador de jogadores) soube, ao longo da época, unir uma equipa que pareceu (várias vezes) estraçalhada. Foi um verdadeiro drama, especialmente após as derrotas com o Sporting - e à 13.ª jornada, quando o Benfica empatou com o União da Madeira e ficou com sete (!) pontos de atraso para os rivais. Aconteceu, mas já parece ter sido noutro campeonato - o mesmo campeonato singular em que um tipo chamado Clésio (hoje na Grécia) foi aposta para lateral. Porque entretanto tudo mudou.
Esta noite, na Madeira, o drama já era outro: o Benfica entrou em campo com uma mala (sim, é uma graçola fácil e propositada) de pressão às costas, porque o Sporting tinha vencido e a equipa de Rui Vitória também tinha de vencer para voltar ao 1.º lugar antes da última jornada.
Depois de uma entrada morna, o Benfica só começou a apertar um (muitíssimo) defensivo Marítimo à meia hora de jogo, mas nunca conseguiu o golo. A trave devolveu o remate de Jonas, Maurício salvou um lance de Carcela em cima da linha e Salin defendeu um cabeceamento aparentemente indefensável de Jonas. 
Foram poucos, mas bons minutos do Benfica, antes e depois dos lances que deixaram, aos 35 minutos, a equipa a jogar com dez. É que Renato Sanches - hoje, tal como nos últimos jogos, com uma exibição infeliz - foi amarelado por simular um penálti e, pouco depois, por dar um pontapé num adversário.
Era mais um drama? Era (à Carlos Martins...). Mas este não durou muito. Porque logo no início na 2.ª parte, com uma assistência caída do céu (ou melhor, de Alex, jogador do Marítimo), Mitroglou viu-se sozinho na área, ainda que ladeado por meia dúzia de defesas, e fez o 1-0.
A partir daí, o drama só se adensou quando Maurício caiu inanimado no relvado, depois de uma cabeçada de Jardel. O jogo foi interrompido por largos minutos e o jogador do Marítimo foi transportado para o hospital, mas o clube fez saber, no final, que o atleta já estava consciente.
No que restou do jogo - e mesmo com dez -, o Benfica continuou sempre tranquilo (e o Marítimo sem criar perigo, excepção feita para um golo anulado por fora de jogo de Djoussé) e chegou ao 2-0 através daquele tipo que se jogasse futsal entraria sempre para marcar os livres: Talisca, mais uma vez com um golo de livre directo.
O Benfica volta a ser líder da Liga portuguesa, com 85 pontos, mais dois do que o Sporting, e só precisa de ganhar ao Nacional na Luz, na próxima semana, para ser tricampeão. “Esta é uma equipa com muita alma e união. Não nos vão matar facilmente”, disse Rui Vitória no final do jogo. Acabou o drama?"

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