"Esta semana foi dominada pelos 35 milhões que o Benfica recebeu à cabeça por Renato Sanches. Mas na cabeça dos milhões de benfiquistas o 35 que interessa é outro. E é por esse outro objectivo que esta semana nos deitamos e acordamos a pensar nos que cantam «Dá-me o 35». Domingo, num estádio da Luz repleto, seremos 65 mil na busca de algo que a maioria de nós não viveu, ser tricampeão nacional de futebol. Eu tinha sete anos quando isso sucedeu pela última vez. O sétimo título em três anos está longe de estar ganho. Mas está perto de ser atacado com uma vontade imensa de vencê-lo.
Não entrámos pela Madeira dentro no jogo contra o Marítimo (não faltaram tentativas), onde mesmo assim, houve muito sofrimento, várias incidências, e não só. No Funchal fizemos um bom jogo com 11, com 10 e com alma. Enorme Fejsa nos Barreiros, por vezes custa a acreditar que ele é só um. Esperemos que mesmo sem Eliseu e sem Renato Sanches seja um Benfica à prova de bala, que domine e resolva cedo, o objectivo maior de uma época.
Esta temporada teve muitas contrariedades e Rui Vitória teve sempre engenho e arte de as saber ultrapassar não negando os problemas, antes os assumindo e resolvendo. Olhando ao início do campeonato, vendo as lesões, somando os castigos, o Benfica fez, até ao momento, um campeonato excelente. Não temos nenhuma euforia, mas temos toda a confiança que no final da tarde de domingo, no estádio da Luz, haja motivos de festa. Não por haver amêndoas amargas na garganta de terceiros mas porque merecemos esta alegria para nós, para os nossos. Todos desejamos que não seja o Nacional a roubar-nos o nacional.
Como me escrevia um amigo na passada terça feira, o sorteio (profético) ditou para a última jornada: Benfica (campeão)-Nacional. É assim que começa o jogo. No fim, basta cair o hífen para entrar a Taça."
Sílvio Cervan, in A Bola
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