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sábado, 3 de outubro de 2015

A garganta funda do futebol português

"Marcou a história do jornalismo e a história da América. O caso, ocorrido nos anos 70, do século passado, ficou conhecido pelo nome de Watergate e teve na origem a investigação de dois jornalistas do Washington Post, Bob Woodward e Carl Bernstein, que levou à demissão do presidente Nixon. Para a época, tornou-se num caso emblemático, para todos os jornalistas que estavam a começar a profissão, como era o meu caso. Recordo-me de que, na altura, surgiram muitas discussões entre os jornalistas sobre a ética de receber informações de uma fonte que se protegia sob o nome de garganta funda, em inglês, deep throat. Havia quem considerasse que por detrás da informação e do informador poderiam haver interesses particulares e que tais interesses poderiam distorcer as provas, os factos, a realidade.
A história veio a dar razão aos jornalistas do Washington Post, que sempre procuraram cruzar as informações que recebiam e tratá-las com um critério profissional de interesse público. Muitos anos se passaram. Os jornais mudaram muito e os jornalistas também. Porém, há questões que não mudam. 
Recentemente, surgiu uma versão moderna do Watergate, no chamado Wikileaks, uma organização sediada na Suécia, liderada por um ciberativista, Julian Assange e que publica informações e documentos confidenciais particularmente sensíveis para empresas e governos. E, agora, surge-nos, do mais fundo da escuridão do mundo informático, um novo garganta funda que nos traz um conjunto de informações reservadas e até confidenciais sobre o mundo dos nossos principais clubes de futebol.
Como a maior parte das notícias, não diria comprometedoras, mas, no mínimo, desconfortantes, recaem sobre um clube, em especial, o Sporting, surgiu de fonte leonina a apreciável suspeita de que o Football Leaks é, apenas, e só, um instrumento de ataque ao Sporting e ao seu presidente, através de uma acção ilegal de espionagem informática.
E de novo se coloca a questão: neste caso, que posição devem ter os jornais e os jornalistas? Fazer eco dessa acção ilícita, sem saber quem oferece a informação; dar força de divulgação pública de massas ao conhecimento que apenas poderia ficar num círculo restrito; divulgar essa informação, tomando-a, toda ela, por boa; e, por fim, não querer saber se essa informação tem, ou não, um objectivo determinado de ataque a uma entidade ou a uma pessoa? Como o leitor certamente compreenderá, trata-se, de facto, de matéria muito sensível e que não é fácil de tratar numa versão de anos setenta, num mundo e num tempo em que a internet toma conta de toda a informação no momento em que a recebe e logo a coloca em todo o mundo. 
Por outro lado, quem pretender cruzar toda essa informação terá de contar com um muro impenetrável de silêncios. Investigar profunda e minuciosamente cada caso, torna-o, assim, obsoleto e no momento em que se transmite essa informação, já muitas outras estarão na discussão pública, onde corre, sempre muito favorável, o vento do voyeurismo.
Pesadas todas as situações, A BOLA entendeu divulgar e continuar a divulgar os casos que são suscitados pela informação do chamado Football Leaks, procurando, na medida do possível, cruzar a informação que recebe e tratá-la com o necessário enquadramento e numa perspectiva meramente jornalística de interesse público. Tanto mais que as informações que têm vindo a público são peças importantes e esclarecedoras na parte mais opaca mundo do futebol.
(...)"

Vítor Serpa, in A Bola

2 comentários:

  1. Pois é melhor, da minha parte esta lengalenga faz lembrar palavras de iluminados na altura do apito dourado em que salientavam que como as "escutas" não sendo aprovadas (ou outra desculpa esfarrapada parecida) em tribunal não as iriam ouvir, mas não se inibam de tentar negar o inegável.
    Isto é mais um chapadão nas ventas destes jornaleiros encomendados que em vez de desempenhar a sua profissão andam cheirando cus à espera de umas migalhinhas (notinhas) e tachinhos quais putas acotevalando-se a uma esquina.
    Saudações
    Rl

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  2. ...Ó Ruil.....assino por baixo a tua opinião....acrescento ainda mais....este SERPA DO CROQUETE autentico lambe botas ao serviço do clube corrupto de Contumil....POR ONDE ANDAVA NO TEMPO DO APITO AZULADO???.....este escroque que MANCHOU A HONRA DOS FUNDADORES DE A BOLA, vendendo-se por um prato de lentilhas a fazer frete ao CORRUPTO MÓR, numa cobardia repugnante ASSOBIOU PARA O LADO NO MAIOR ESCANDALO DO FUTEBOL PORTUGUES......

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