"Um árbitro particularmente tendencioso, e um guarda-redes particularmente inspirado, impediram o Benfica de alcançar a glória europeia que tanto fez por merecer.
Turim não nos trouxe felicidade, mas é preciso dizer que não nos feriu o orgulho. Quem chega a uma grande final jamais sai derrotado. São necessárias muitas alegrias para passar por uma tristeza assim. Tantas quantas as eliminatórias vencidas, algumas com o perfume de grandeza que nos define perante a história.
A desolação é maior pela força do hábito. São já alguns anos a cheirar o troféu. Duas finais consecutivas, ambas perdidas por detalhes. Uma meia-final inglória, também. Tudo em apenas quatro temporadas. Pode falar-se de azar. Pode falar-se de desencanto. Até de maldições. Nunca de fracasso. Antes de força. A força que nos fez lá chegar, e que nos faz acreditar que podemos lá voltar. Tivemos pouco tempo para carpir mágoas. No domingo seguinte, no belo palco do Jamor, os nossos heróis voltaram aos triunfos, derrotando o cansaço, e arrecadando um inédito triplete.
Uma, duas, três! Não só foi limpinho, como foi…uma limpeza.
Deixámos poucos argumentos à oposição. Ainda assim, com a sua inesgotável criatividade, lá conseguiram apregoar que o Benfica tinha obrigação de vencer o Rio Ave e erguer a Taça; que o orçamento o obrigava desde logo a ser campeão; que a Taça da Liga não interessava nada; que a Liga Europa, essa sim, desenhava a fronteira do sucesso; que o objectivo era a final da Champions League; tudo isto até à espantosa conclusão de que a época benfiquista nem tinha sido nada de especial. Talvez mesmo um pouco decepcionante - ou qualquer que seja a palavra que a imaginação quiser utilizar.
Veja-se até onde a inveja os leva.
Veja-se o quanto ela nos pode divertir. Vozes que não chegam ao céu à parte, importa agora que façamos deste um ponto de partida, e não de chegada. “Para o ano há mais”, foi o último grito que se ouviu nas bancadas do Jamor. É esse que nos deve ficar no ouvido. 2014-2015 começa já."
Luís Fialho, in O Benfica
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