"O Benfica de Eusébio continua ainda hoje a ser motivo de lembrança em todo o mundo. De passagem por Lisboa, um turista russo veio ao museu em busca desse imaginário e teve um encontro surpreendente.
O museu do Louvre tem Mona Lisa. Nós temos Eusébio.
Há uns tempos, no contexto de uma reportagem para a Benfica TV, Toni e José Augusto foram convidados a abrir no museu as suas caixinhas de memórias. No 'Caminho do tempo', fez-se uma pausa em 1973, para recordar os campeões sem derrotas nesse mesmo ano - um feito particularmente grato ao convidado Toni.
Estava-se nisto quando surgiu, vindo do nada, um visitante boquiaberto. De mochila às costas e uns óculos clássicos, que lhe emprestavam um ar de figura académica, estendeu um dedo e, meio espantado, meio nervoso, balbuciou: 'Augusto!' A câmara continuou a gravar e o homem que vinha do Leste tratou também de escancarar a sua caixinha. Tirou lá de dentro aquele Benfica universal, do tempo de Eusébio e... de 'Augusto'! Aquele preciso Augusto, tão ali, tão diante dele, tão verdadeiro que parecia mentira.
Era como se estivesse no cinema e, de repente, o actor principal saltasse da tela para vir cumprimentá-lo e falar com ele. Igor, de seu nome, citou de pronto as revistas desportivas da sua infância, que vestiam Portugal com um jersey vermelho, águia ao peito e heróis de casta, feitos em Berna e Amesterdão.
'Eram os melhores, eram os melhores!', repeti ele do alto da sua meia-idade.
Espirituoso, como sempre, Toni atalhou: 'Logo vais contar aos teus filhos e à tua esposa!' Só depois é que se explicou a Igor quem era Toni. Os olhos do homem vindo do Leste engravidaram. Jogador?! Treinador?!
Toni, ao seu jeito, fez questão de sublinhar o valor extra de José Augusto, bicampeão europeu. Para ajudar à festa, convidou Igor para o jogo que havia no fim de semana, no Estádio da Luz. Promessa feita e cumprida. No fim do desafio, Igor não cabia em si de contente. O museu, o estádio, o jogo... Tudo espectacular! Claro que não tinha assistido, no relvado da nova Luz, àquele futebol borbulhante que foi de Eusébio e Augusto. E de Águas e Simões. E de Cavém e Coluna. Mas a cor das camisolas era a mesma. O grito colectivo era o mesmo.
No dia seguinte, evaporou-se em direcção a Moscovo, levando com ele a sua caixinha de memórias mais cheia que nunca.
Eu reforcei a minha ideia que, ainda hoje, para gente como Igor, vir a Lisboa sem visitar o Benfica de Eusébio é a mesma coisa que estar em Paris e não ir ao Louvre. Com uma pequena diferença: não se encontram nos corredores do Louvre condiscípulos de Mona Lisa."
Luís Lapão, in Mística
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