"Ontem o meu amigo Paulo Pina fazia-me notar um erro de semântica frequente nesta overdose de conquistas do Benfica: repetidamente se disse que o Benfica foi o único clube a ganhar os três títulos na mesma época, mas bastaria dizer que o Benfica foi o único clube que ganhou os três títulos. De facto Campeonato, Taça de Portugal, Taça da Liga e uma final europeia são dose quase irrepetível de alegrias.
Não sei como vai o nosso organismo reagir aos próximos dois meses, sem finais para vencer e títulos para conquistar. Agosto e a Supertaça ainda estão longe. Esta questão da habituação pode mesmo ser um problema sério. Por cautela, vou logo ver o basquetebol a Guimarães, para evitar recidivas.
Justo dizer que o Rio Ave fez mais para ganhar a Taça de Portugal que o Sevilha para vencer a Liga Europa, mas o futebol também tem injustiças, relativas. Tivemos azar e um árbitro manhoso em Turim, tivemos sorte e um poste amigo no Jamor.
Foi uma época de sonho, merecemos cada momento de alegria, esperemos poder repetir, pelo menos em parte, na próxima época.
Ver os jogadores esgotados no final do jogo do Jamor foi uma alegria, ficou a certeza de que deram tudo, de que deixaram a última gota de suor em campo, de que a única ideia que tinham era vencer. Talvez por isso venceram tanto e venceram todos.
Se para Jorge Jesus subir à tribuna do Jamor foi bem diferente este ano em relação à última época, imaginem então para os milhões de adeptos do Benfica.
Enquanto os adversários terão que construir uma equipa para nos derrotarem, nós teremos que tentar não destruir a nossa para continuar a vencer. Tenho dúvidas do que será mais difícil, atento à conjuntura de mercado. Agora começa o martírio dos títulos de jornais que nos vendem um jogador todos os dias. Fica a fé de que na maioria das vezes é mentira e a certeza de que «o campeão voltou». Vejam bem que maravilha de título tem esta crónica."
Sílvio Cervan, in A Bola
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