"Terminado o dérbi do passado sábado, notava-se, entre os benfiquistas, um sentimento bastante contido de satisfação. Ou eram as bolas paradas - um problema a resolver -, ou era a recuperação consentida na segunda parte, ou era a fracassada expectativa de goleada que (confessem lá...) todos tínhamos ao intervalo, a verdade é que, descontada a beleza do espectáculo, ganhar ao Sporting de forma tão apertada já não nos deixa propriamente eufóricos, mas tão só com a sensação de dever cumprido.
Paradoxalmente, do lado de lá, notava-se uma atmosfera bem positiva, de onde se depreendia uma certo alívio por perderem por poucos (depois dos tais 3-1 ao intervalo), e até algum regozijo pela capacidade de discutirem o jogo até final.
Aliás, já da recente derrota diante do FC Porto a generalidade dos sportinguistas havia saído de peito feito, como se estas vitórias morais (?) tivessem o condão de lhes devolver o estatuto de outrora.
Vencer o Sporting, depois de uma roleta de emoções tão vibrante e arrebatadora, não pode deixar de nos encher a alma. É verdade que poderíamos ter goleado,é verdade que aquele golo ao minuto 92 nos fez reviver fantasmas de um passado recente, mas, caramba, ganhámos.
E ganhámos bem, depois de uma grande partida de Futebol, durante a qual fomos sempre superiores. Para o rival, contente ou não com isso, fica apenas mais uma derrota. A 11.ª nos últimos 15 dérbis. Compreendo-se o esforço - e louve-se a eficácia - do seu aparelho de comunicação para não deixar estoirar o balão da euforia (semelhante ao que, não há muito tempo, encheu Domingos Paciência), procurando álibis na arbitragem.
Mas não é preciso ter memória de elefante para recordar o jogo de Alvalade, já nesta mesma época, ou, indo um pouco mais atrás, um tristemente célebre empate a dois, na velha Luz, com este mesmo árbitro. Portanto, esta já tradicional gritaria não nos vai comover."
Luís Fialho, in O Benfica
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