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sexta-feira, 9 de agosto de 2024

Os nossos heróis de Paris 2024


"Se o medalheiro português está quase vazio, a menor responsabilidade é dos atletas

«Agora tenho pensar como vai ser o meu futuro. É incrível estar nos Jogos Olímpicos, mas também temos de preparar um futuro e, acima de tudo, perceber até que ponto é viável continuar»
Irina Rodrigues, após o 9.º lugar no lançamento do disco em Paris 2024

Há várias formas de analisar as prestações dos países nos Jogos Olímpicos — através de medalhas de ouro, de medalhas totais ou de diplomas, por exemplo.
É também comum compararem-se os sucessos de países de dimensão equivalente. Em Portugal, olha-se sobretudo para as medalhas e para o que fazem Suécia, Chéquia, Grécia ou Hungria, também com população entre os 10 e os 11 milhões.
Às 18 horas de quarta-feira, Suécia e Hungria tinham 8 cada (3 de ouro), a Grécia 7 (1 de ouro) e a Chéquia 2 (1 de ouro). Portugal tem o bronze de Patrícia Sampaio.
Mas nestas contas de medalhas, os atletas lusos que estão em Paris são os menos responsáveis. A falta de cultura desportiva em Portugal, os problemas em desenvolver uma rede que fomente a prática dos jovens, a falta de apoios aos atletas de alta competição que, em muitos casos, não podem viver do desporto, ou quando o fazem estão a criar problemas para o desenvolvimento das carreiras profissionais de que vão precisar quando acabarem de competir — Irina Rodrigues, médica de 33 anos, deixou no ar a possibilidade de se retirar após um 9.º lugar no lançamento do disco —, essas sim as razões para o medalheiro português estar constantemente vazio.
Há atletas que esperavam mais, valiam mais e ficaram aquém das expectativas em Paris. Acontece. O inverso também. Não deixam ser heróis. Criticá-los de mãos nos bolsos e a assobiar para o lado é a maior hipocrisia que pode haver."

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