"David Neres chegou há dois anos ao Benfica e teve impacto imediato. Ele e Enzo Fernández foram as caras novas que fizeram disparar o rendimento coletivo, somados à qualidade de Grimaldo, Florentino ou Rafa e ao crescimento de Gonçalo Ramos, António Silva (mais tarde também de João Neves). Nessa época de utilização (quase) plena na Luz, Neres fez 12 golos e 15 assistências em 48 jogos, com muitos lances determinantes em partidas e momentos decisivos, tanto na Liga doméstica como na marcante carreira europeia das águias.
Graças ao momento difícil do Shakhtar, e só por isso, o Benfica tinha conseguido comprar um talentoso internacional brasileiro de 25 anos por uma pechincha a rondar os 15 milhões. Neres era a unidade diferente, o criativo de facto, o jogador que rareia na vocação de tirar adversários da frente antes de assistir ou finalizar, juntando como poucos estética e estatística.
Mesmo assim, o final dessa primeira época deixou os primeiros sinais de que, para Schmidt, o Benfica não continuaria a ser Neres e mais dez, parecendo que o técnico, como diversos analistas, via a razão do sucesso mais ligada a comportamentos defensivos, por exemplo de Ramos ou Aursnes (que foi ganhando o espaço como o médio ofensivo que nunca fora), do que à criatividade decisiva nos momentos de ataque, de Grimaldo e Neres antes de quaisquer outros. Não é causa única, seguramente, mas desde que o lateral espanhol emigrou e o extremo brasileiro deixou de ser indiscutível, nunca mais o Benfica de Schmidt foi sequer parecido com o visto até então.
A uma época de conquistas, seguiu-se uma temporada falhada para os benfiquistas. Neres já não era titular, a menos que surgisse deslocado para esquerda, onde nunca renderá metade do que pode, porque a direita tinha um novo dono, e dono é palavra apropriada. Di María regressava para jogar no lugar que prefere e, mais, para jogar o tempo todo. Depois do desagrado do argentino pela substituição no primeiro (!) jogo do campeonato, Roger Schmidt não voltou a ousar tirar Di María do campo antes dos minutos finais, tal como nunca mais permitiu que Neres jogasse a partir da direita com um mínimo de continuidade. O fim, agora iminente, da prometedora mas curta carreira de Neres que Luz, começou aí.
Lá virão de novo as justificações de uma boa proposta – mesmo se 25/30 milhões para quem já engordou a tesouraria com Neves não seja nada de extraordinário -, de um campeonato mais apelativo para o atleta ou da falta de espaço na equipa. Se as duas primeiras são placebo, servem para tudo e não valem de muito, a última resulta de uma opção, concreta e ineludível: Schmidt prefere Di María e João Mário a David Neres.
E mesmo que admitamos que João Mário está apenas a “reservar” o lugar para Di María – o que também não é bom indício - Neres acaba de perceber que o filme que lhe está reservado é o mesmo da temporada anterior. Como a política desportiva do clube segue a vontade errática do treinador alemão (interrogo-me se já não gosta de Kokçu, que escolheu antes de todos há um ano?), lá mantém no grupo dois homens com mais passado que futuro (e salários dos mais elevados), admitindo alienar um criativo raro, na melhor idade e com significativo valor de mercado por mais uns anos.
Mas David Neres também quer sair e isso conta? É bem provável, depois do que passou nos últimos longos meses. Mas a pergunta certa é outra: por que razão o Nápoles não quer contratar João Mário? Ou Aursnes? Ou Di Maria, para uma última dança na Série A e que até esteve algum tempo sem contrato? A resposta parece óbvia: porque acredita que David Neres é hoje um jogador que acrescenta mais. E é."
Mas quem é que mete isso na cabeça do presidente Rui Costa? Dá a ideia de que quem manda é Schmidt, para além do "amor" que parece terem por DiMaria. Também nesses tres que fala só Neres é que tem interessados, pois o velho DiMaria e o molenga João Mário ninguém os quer nem dados .
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