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quarta-feira, 28 de setembro de 2022

Uma alternativa de luxo


"Sempre que entrava em campo, Santana apresentava a sua melhor versão

As grandes equipas distinguem-se pela profundidade do seu plantel. Essas equipas, por norma, não só têm um onze de elevada qualidade como apresentam alternativas que podem ser figuras principais em qualquer outro clube. Se os titulares são elogiados pelas prestações a cada fim de semana, parte desse enaltecimento também pertence às 'segundas escolhas', pela forma como fazem com que a intensidade de disputa por um lugar esteja sempre acesa, além da humildade necessária para se manterem motivados e preparados para agarrar uma oportunidade, mesmo sem a certeza de que possa surgir.
No caso de Santana, a modéstia era ainda mais visível. No Benfica desde 1954, ascendeu da formação até ao plantel principal. Na equipa de honra, não demorou até deixar Portugal e a Europa rendidos ao seu talento! Com excelente visão de jogo, qualidade técnica e verticalidade, foi uma das peças-chaves na conquista da Taça dos Clubes Campeões Europeus 1960/61, ao participar em todos os encontros. Contudo, após uma época brilhante e numa carreira que vinha em ascensão, perdeu espaço no onze na temporada seguinte.
Remetido às 'segundas escolhas', imperou a humildade que sempre o caracterizou. A cada oportunidade demonstrava que a sua qualidade estava intacta. Em 1961/62, após o empate a uma bola na 1.ª mão da 1.ª eliminatória, frente ao Áustria de Viena, Santana foi opção na partida da 2.ª mão. O jogador, mais uma vez, apresentou predicados de um talento ímpar. Apontou dois golos na vitória por 5-1, um dos quais através de uma jogada individual fantástica, iniciada no meio-campo, em que ultrapassou vários adversários. No final do encontro, um dirigente austríaco foi categórico: 'O ataque nem parece o mesmo com Santana'.
Nas temporadas seguintes, mesmo alinhando cada vez mais pela equipa de reservas, a sua motivação não se diluiu. Em 1965, a imprensa referiu-o como um 'dos melhores reservistas dos encarnados', após ter cometido a proeza de apontar cinco golos, perante o Seixal, na 25.ª jornada do Campeonato Nacional, destacando que o 'antigo titular e internacional (...) afirma, sempre que chamado ao grupo de honra, as suas faculdades'.
As suas prestações faziam com que os media questionassem as razões que o levavam a permanecer de 'águia ao peito'. Apesar de ter condições para jogar em qualquer clube, o seu benfiquismo fê-lo ficar no Benfica até 1968 e estar à altura da grandeza do Benfica sempre que atuava.
Saiba mais sobre a carreira deste fantástico futebolista na área 23 - Inesquecíveis do Museu Benfica - Cosme Damião."

António Pinto, in O Benfica

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