"A ligação entre William Saliba e Arsenal FC é sol de pouca dura. Arteta não conta com ele, e Saliba tem a porta da saída escancarada. SL Benfica, Olympique de Marseille e Stade Rennais FC perfilam-se como opções de continuidade e, depois de dois anos emprestado, é hora de consolidar presença no plantel principal de uma equipa que lute por títulos.
Como na questão Guendouzi, SL Benfica e Marselha são os mais prováveis em assegurar o passe do jovem defesa-central. Custou 30 milhões de euros aos Gunners em 2019, mas em Londres não cumpriu qualquer minuto na primeira equipa, emprestado sucessivamente a Saint-Étienne e OG Nice.
As semelhanças com a situação de Jean-Clair Todibo não podem tornar-se obstáculo à aproximação do clube da Luz: é internacional jovem francês, é-lhe reconhecido enorme potencial e desenvolveu capacidades no OG Nice nos últimos meses – todos esses paralelismos apontam para oportunidade única de emendar o erro de apreciação cometido com a devolução de Todibo ao FC Barcelona, em janeiro último.
William Alain André Gabriel Saliba, de origem francesa e ascendência camaronesa, desperta para o futebol em Saint-Étienne. Nascido em 2001, ingressa nos escalões formativos do AS aos seis anos, escalando até aos seniores e onde se estreia em 2018, com 17 anos.
Em 2018-09, completa 16 jogos na Ligue 1, assumindo-se como titular na reta final da temporada: nas últimas sete jornadas da Liga francesa, é titular em seis. Os colossos reparam nele, obviamente. Arsenal FC é o mais conclusivo nas suas intenções, e desembolsa trinta milhões a pronto para afastar potenciais compradores: entre eles já estava o SL Benfica, que sondou o jogador após a conquista 37º título, assinado por Bruno Lage.
Com valores impraticáveis para a realidade benfiquista, cedo o clube se remeteu a papel secundário. O Arsenal FC fechou negócio rapidamente, reconhecendo, porém, uma certa precipitação ao manter a pérola em Saint-Étienne para aprimorar qualidades – achou-se que não estava preparado para a Premier League. Unai Emery dava o mote: “Estamos muito felizes por William se juntar a nós. Interessava a muitas equipas, mas ele optou pelo Arsenal e decidiu fazer parte do nosso futuro. Permanecerá em França na próxima temporada para obter mais experiência e esperamos tê-lo connosco a tempo inteiro na época seguinte”.
Nesse verão é eleito pela UEFA como um dos “50 jovens promissores a acompanhar” em 2019-20. De estatuto reforçado, só uma lesão prolongada como a fratura do metatarso, sofrida em novembro, impediu que se cimentasse como imprescindível do conjunto: apenas recuperou três meses depois, regressando em janeiro (período durante o qual falhou 15 jogos).
Ainda assim, conseguiu acumular 17 presenças em todas as competições (1441 minutos, uma média de 84’ por participação), sendo peça importante na caminhada da equipa até à final da Coupe de France, onde não chegavam desde… 1981-82.
A interrupção por motivos pandémicos bloqueou a evolução do defesa. De regresso a Londres, não encaixava nos planos de Arteta. “Quando cheguei, o Arsenal tinha acabado de terminar a época. Não treinei com a equipa, não treinava há meses”, afirmava Saliba aos microfones do RMC Sport e em declarações reproduzidas pelo Transfermarkt em Janeiro de 2021. “A equipa foi de férias e eu fiquei a treinar sozinho. Quando voltaram, tive uma semana com eles, em conjunto. Jogámos dois ou três amigáveis, mas eu não tinha ritmo. Queria continuar, mas o treinador decidiu o meu caso nesses dois jogos e meio”.
Não contava. Até janeiro, seis jogos pela equipa de reservas dos Gunners, sendo aí que surge a hipótese OG Nice: não hesitou. Às ordens de Adrean Ursea, técnico interino dos franceses, assumiu-se prontamente como titular – sete titularidades nos primeiros sete jogos e prémio de Jogador do Mês para a Ligue 1.
Terminou o ano com 20 jogos completos, 1800 minutos e um golo marcado. Só o episódio caricato de uma partilha de vídeos de cariz sexual, num escândalo que envolveu alguns colegas das seleções jovens francesas e que chegou às últimas instâncias governativas do futebol francês, fazendo soar alarmes em Clairefontaine, podia limitar a sua ascensão desportiva enquanto certeza gaulesa.
Se Mikel Arteta achava que o jovem não estava pronto para a Premier League, ainda com pior impressão terá ficado a partir desse momento: a novela da contratação de Ben White, central inglês do Brighton FC que o Arsenal FC persegue há semanas, confirmou os piores indícios – Saliba não conta para o técnico espanhol.
Surgem agora duas hipóteses: mais uma época de empréstimo, desta vez ao Newcastle United FC, principal opção para os responsáveis ingleses; ou a saída em definitivo, vontade do jogador, que vê cada menos espaço no Emirates.
É aqui que surge o SL Benfica como hipótese para o seu futuro, numa luta a três entre portugueses e franceses, com Olympique de Marseille e Stade Rennais FC como interessados.
Na Luz, ainda se espera resolução do caso Vertonghen, ouvindo as suas pretensões e como se podem conciliar com as de Jorge Jesus, que demonstrou confiança reforçada em Lucas Veríssimo e Otamendi como parelha preferencial nos momentos de defesa a quatro, só integrando o veterano belga em ocasiões de 3-4-3.
Qualquer que seja a vontade do técnico, o belga ofereceria qualidades significativas, tanto no campo como no balneário, essenciais numa fase pós-Jardel. Contudo, sem essa quarta opção, resta optar pelo regresso de Ferro, a aposta definitiva em Morato como solução viável e com bastantes minutos ao longo da temporada ou abordar o mercado na busca por alguém que se enquadre no perfil técnico da equipa.
William Saliba, com o seu conjunto de características específicas – velocidade de reação, facilidade no controlo de bola e agressividade nos duelos – encaixaria que nem uma luva no projeto encarnado, representando, no entanto, avultada operação financeira: novo empréstimo não seria do agrado nem do jogador nem dos responsáveis encarnados, que pretendem assegurar talento que possa ser desenvolvido a longo prazo no Seixal."
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