"Não foi o regresso ao futebol que queríamos. Há que ser directo quanto a isso. Não houve público nas bancadas, nem golos ou uma vitória do Sport Lisboa e Benfica. E isso custa, depois de três meses em que todos queríamos fazer esquecer um mês de Fevereiro fraco em termos desportivos. É óbvio que tudo isso ficou em segundo plano depois de termos visto aquilo que um punhado de delinquentes decidiu fazer após o empate em casa com o CD Tondela. Vamos lá ser claros: frustrados pelo empate estamos todos, mas ninguém mais do que jogadores e equipa técnica; furiosos por a bola não ter entrado após mais de 20 remates estamos todos, direcção incluída. E isso dá-nos o direito de cometer um crime e de colocar em risco a vida dos profissionais que servem o Glorioso? Não. De maneira nenhuma.
Aquilo que se passou no regresso da equipa ao Benfica Campus é crime e deve ser tratado como tal. Os elementos que foram identificados naquela noite vão ter de pagar pelo que fizeram. Não são apenas os danos físicos e materiais, são os prejuízos psicológicos e motivacionais que foram colocados em cima desta equipa. É preciso ser muito pouco inteligente para pensar que a violência é a solução para o que quer que seja. As vicissitudes da pandemia estão a fazer-nos mudar comportamentos, e parece-me que esta é uma excelente oportunidade para o futebol cair na real. Temos os estádios vazios, mas queremos que as bancadas voltem a estar cheias de adeptos. A questão é: que tipo adeptos? Clubes, associações, Federação e Liga têm agora uma oportunidade de ouro para mudar o futebol em Portugal. Não estou a falar de um debate alargado sobre as claques, parece-me que é tarde de mais para isso. Gente que faz o que foi feito na semana passada, no ataque ao centro de treinos de Alcochete ou que eterniza as ameaças no Olival e nas bombas de gasolina de Portugal e do estrangeiro não tem lugar no futebol do século XXI. É simples, é básico, é claro."
Ricardo Santos, in O Benfica
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